São Paulo — Ainda que a estimativa de produção nacional de etanol seja de queda em relação ao ano passado, o Brasil está ampliando as apostas no etanol de milho. A oferta do biocombustível a partir do cereal deve chegar a 3,36 bilhões de litros na safra 2021/22, volume 11,2% maior do que no ciclo anterior, quando foram produzidos 3,02 bilhões de litros, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Assim, o etanol de milho passa a representar 11,5% da produção total de etanol do Brasil, ampliando sua presença na oferta nacional que, no ano passado, foi de 9,2% e mantendo a polêmica sobre a destinação de alimentos para se produzir combustível.
O milho foi a cultura mais prejudicada pela instabilidade do clima neste ano. Em outubro do ano passado, quando a Conab divulgou sua primeira estimativa, a previsão era que o Brasil produzisse 105,1 milhões de toneladas do cereal. Hoje, a oferta nacional é estimada em 86,6 milhões de toneladas, 7,2% a menos do que o previsto em julho e 15,5% menor que o ano passado. A seca e as geadas fizeram com que o Brasil deixasse de colher o equivalente a toda a produção da região Sul do país.
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Foi exatamente por uma menor oferta de milho que o Brasil não conseguirá colher uma safra recorde de grãos neste ano. O último dado da Conab aponta para uma colheita de 253,9 milhões de toneladas de grãos, 1,2% menor do que a safra anterior e um corte de 2,6% em comparação à estimativa feita em julho deste ano. Na prática, a Conab cortou, de um mês para outro, quase sete milhões de toneladas de grãos da produção brasileira, praticamente todas elas do milho.
A menor disponibilidade de milho neste ano levou a um aumento expressivos dos preços, provocando um efeito cascata nas cadeias que utilizam o cereal como matéria-prima e influenciando a inflação dos alimentos. Indústrias de aves, suínos, bovinos, leite e ovos são algumas que já sentiram os efeitos e já estão passando adiante os custos mais elevados.