Bloomberg — As vacinas contra a Covid-19 são menos eficazes contra a variante delta, de acordo com resultados de um dos maiores estudos do mundo real realizado no Reino Unido sobre a eficácia dos imunizantes.
A vacina de RNA mensageiro da Pfizer e BioNTech perdeu eficácia nos primeiros 90 dias após a imunização completa, embora tenha evitado a maioria das infecções por Covid, assim como o imunizante da AstraZeneca. Quando pessoas imunizadas foram infectadas com a delta, mostraram carga viral semelhante à dos não vacinados. Isso sugere que a imunização de grande parte da população pode não proteger pessoas que não foram vacinadas, lançando dúvidas sobre a ideia de imunidade coletiva.
Ainda não há dados sobre o nível de proteção das vacinas contra hospitalizações e casos graves de Covid-19 ao longo do tempo.
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É provável que esses resultados mais recentes reforcem os apelos para administrar doses de reforço a pessoas com imunização completa, mesmo que muitos países ainda não tenham vacinas suficientes para as primeiras doses. Os EUA planejam começar a oferecer vacinas de reforço em 20 de setembro para todos os adultos vacinados. Autoridades do Reino Unido ainda avaliam o alcance das doses de reforço. Em Israel, que começou a administrar terceiras doses da vacina Pfizer-BioNTech este mês, os primeiros resultados mostram 86% de eficácia para pessoas com mais de 60 anos.
A pesquisa do Reino Unido, realizada pela Universidade de Oxford e o Escritório de Estatísticas Nacionais e publicada quinta-feira em preprint, analisou mais de 3 milhões de testes de PCR de uma amostra aleatória de pessoas para uma imagem detalhada dos padrões de infecção em meio ao avanço da variante delta.
“Estamos vendo os dados do mundo real sobre o desempenho de duas vacinas, em vez de dados de ensaios clínicos, e todos os conjuntos de dados mostram como a variante delta atenuou a eficácia das vacinas da Pfizer e da AstraZeneca”, disse Simon Clarke, professor associado de microbiologia celular da University of Reading.
Cerca de quatro meses e meio após a segunda dose, a vacina da Pfizer provavelmente estará no mesmo nível que a da AstraZeneca na prevenção de infecções com alta carga viral, disse Koen Pouwels, pesquisador sênior da Oxford que ajudou a conduzir o estudo. Não houve diferença estatisticamente significativa na eficácia do imunizante da Astra ao longo do tempo.
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Os resultados do estudo podem trazer mais preocupação à medida que os casos começam a se espalhar no Reino Unido, juntamente com hospitalizações e mortes. Os dados mais recentes do Departamento de Saúde do Reino Unido mostram que 33.904 pessoas testaram positivo para Covid-19 em 18 de agosto, elevando o número semanal para 211.238. O número representa um aumento de quase 8% em relação aos sete dias anteriores.
Houve 655 mortes em 28 dias após um teste positivo registrado na última semana, também uma alta de cerca de 8%. O número de pacientes internados subiu 4,3%, para 5.623. Ainda assim, as hospitalizações e mortes no Reino Unido permanecem baixas em comparação com as ondas anteriores.
Os EUA também enfrentam uma nova onda de casos de Covid, principalmente entre os não vacinados. O plano do presidente Joe Biden para doses de reforço gera críticas de que os EUA estão acumulando doses enquanto nações mais pobres não dispõem de vacinas.
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