São Paulo — Em meio às discussões sobre as mudanças climáticas e a necessidade de se buscar fontes renováveis de energia, o Brasil terá menos etanol para misturar na gasolina e para encher os tanques dos veículos nesta safra.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a produção nacional do ciclo 2021/22 mostram que a oferta do biocombustível será de 29,22 bilhões de litros, volume 10,8% menor que os 32,76 bilhões de litros produzidos na safra 2020/21. Na prática, os consumidores terão 3,5 bilhões de litros a menos nos próximos meses.
Quem mais vai sofrer com a falta de etanol é São Paulo. Responsável por praticamente metade da produção nacional, o Estado vai reduzir sua oferta em 3,3 bilhões de litros para pouco mais de 11 bilhões, o que significa uma redução de 23,3% em comparação ao ano passado.
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Ironicamente, o motivo para a menor produção do biocombustível foi o clima. A estiagem que atingiu as regiões produtoras de cana-de-açúcar durante o ciclo produtivo e as baixas temperaturas durante os meses de junho e julho, inclusive com registros de geadas, reduziram a disponibilidade da matéria-prima.
A estimativa da Conab aponta para uma quebra de 9,5% na produção nacional de cana na safra 2021/22. A expectativa é que sejam colhidas pouco mais de 592 milhões de toneladas ante uma oferta de 654,5 milhões de toneladas na safra passada.
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Com metade de toda cana-de-açúcar sendo produzida em São Paulo, o Estado também será o responsável pela menor oferta. Serão 55,5 milhões de toneladas a menos neste ano, o que representa uma quebra de 15,7%. Assim, a produção paulista chegará a 298,7 milhões de toneladas na safra atual.
A queda da produção de etanol ocorre em meio a um período de recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional. Apesar da recente queda dos últimos dias diante do temor do avanço da variante Delta, o atual patamar de preços tem levado a Petrobras a reajustar os preços da gasolina. Só neste ano, foram nove reajustes e o litro do combustível se aproxima dos R$ 7 na bomba.