Sete principais investidores na América Latina descrevem o que impulsiona a região: segunda parte

Participaram Nyatta, do SoftBank; Antoni, da ALLVP; Bengolea, da Fen Ventures; Van Thienen, da Founders Fund; Fernandez, da Endurance; Maciel, da Volpe Capital; e Lustig, da Magma

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Miami — Na segunda parte desta pesquisa com investidores, estendemos nosso alcance a mais sete investidores na América Latina. Assim como na primeira parte, alguns buscam startups nos estágios inicial, ao passo que outros buscam empresas mais maduras.

Embora a região esteja aquecida recentemente, muitos dos investidores com quem conversamos ainda veem a América Latina como muito incipiente no que diz respeito a atividades de startups, com muitas oportunidades a serem descobertas. Enquanto alguns enxergam uma saturação em mercados como o de fintech, outros acreditam que isso é apenas o começo. Na verdade, Nathan Lustig, da Magma Partners, no Chile, monitora possíveis oportunidades: “temos uma grande lista de startups que adoraríamos ver alguém construir e que adoraríamos financiar. Se algum possível fundador estiver buscando ideias, sinta-se à vontade para entrar em contato; adoraríamos compartilhar algumas de nossas ideias”, disse ele à Bloomberg Línea.

Para a pesquisa a seguir, a Bloomberg Línea entrou em contato com investidores da região ou aqueles que investem nela para saber como veem o ecossistema de startups da América Latina hoje e para onde ele está indo. Esta pesquisa tem duas partes, e a primeira parte está aqui. Os seguintes investidores participaram da segunda parte:

Parte 2:

Shu Nyatta, sócio-gerente, SoftBank Latin American Fund, EUA

Federico Antoni, fundador, ALLVP, México

Cristóbal Silva Bengolea, Fen Ventures, Chile

Matias Van Thienen, presidente, Founders Fund, EUA

Pablo Fernandez, sócio, Endurance Ventures, Chile

André Maciel, Volpe Capital, Brasil

Nathan Lustig, sócio-gerente, Magma Partners, Chile

Shu Nyatta, sócio-gerente, SoftBank Latin American Fund, EUA

Em quais setores você se concentra na América Latina (e em outras regiões)?

No SoftBank Latin America Fund, somos todos generalistas. Tentamos identificar fundadores e empresas especiais que possam continuar agregando valor por décadas. Limitar-nos a setores pode nos permitir ser um pouco mais espertos sobre certas coisas, mas também pode nos fazer perder aquela empresa verdadeiramente geracional que está fora de uma área em foco. O que me impulsiona são os fundadores e a curiosidade, não setores específicos.

Qual é o seu investimento mais recente e empolgante na região?

Acabamos de participar da IPO da VTEX – uma das empresas do nosso portfólio. Acreditamos que o futuro do capital será sobre flexibilidade – desde o estágio inicial até a oferta pública. Já fizemos alguns investimentos públicos, inclusive em IPOs. Também estou muito orgulhoso da primeira empresa de nosso portfólio a fazer a transição de startup privada para líder global de capital aberto em infraestrutura de comércio eletrônico.

Existem startups que você gostaria de ver na região? Quais oportunidades foram ignoradas até agora?

Tentamos não predefinir oportunidades ou temas de investimento. Existem muitos empreendedores de alta qualidade resolvendo todos os tipos de problemas em toda a região. Eles definem as oportunidades, não nós. A melhor coisa que podemos fazer é prestar muita atenção, ouvir com cuidado e estar abertos para surpresas.

Para uma startup da América Latina, quais áreas estão supersaturadas ou apresentariam uma concorrência muito ferrenha neste momento? Quais outros tipos de produtos/serviços o preocupam ou o deixam desconfiado?

Sempre que os investidores decidem que um setor está em desvantagem, novos ângulos aparecem. O comércio eletrônico, um dos setores mais consolidados em capital de risco global, revela novas oportunidades de valor todos os anos, em todo o mundo. Nós nunca iríamos ignorar um setor. Sei que pareço um disco riscado agora, mas os fundadores são o foco. Nosso trabalho é ouvir suas ideias e manter a mente aberta. A adoção de produtos e serviços com tecnologia de ponta na América Latina está nos estágios iniciais, o que significa que nenhum setor pode ser considerado “saturado”.

As fintechs tiveram um ano fenomenal até agora; que outros setores você imagina que se tornarão “aquecidos” na região no futuro?

Há muita empolgação empresarial em torno de criptomoedas, e a América Latina é uma daquelas regiões onde a as criptomoedas não são apenas uma tecnologia – elas são utilizadas para gerar soluções reais para problemas reais. Estamos muito animados com o que está por vir no setor de criptomoedas da região.

Como o Covid-19 afetou sua estratégia de investimento? Quais são as maiores preocupações dos fundadores de seu portfólio? Qual é o seu conselho para as startups em seu portfólio no momento?

O Covid obviamente é uma tragédia terrível. A boa notícia, que nem é mais notícia, é que os negócios digitais estão prosperando. E são essas empresas nas quais investimos. No entanto, o trabalho remoto realmente enfatizou as culturas de cada organização. Com a entrada de financiamentos na América Latina, os funcionários são recrutados por empresas concorrentes como nunca antes. E as equipes têm de encontrar maneiras para manter seus funcionários engajados e com energia.

Que momento proporcionou esperança no último mês? Pode ser no âmbito profissional, pessoal ou uma mistura dos dois.

Felizmente, sou otimista. A esperança nunca está em falta! Eu e minha família e estamos nos mudando de San Francisco depois de quase uma década para morar em Miami. É um triste adeus a São Francisco, que foi um lugar incrível para se viver, mas estamos extremamente animados com a energia de Miami e esperamos contribuir para o crescimento da cidade de todas as maneiras possíveis. E os voos para São Paulo e Cidade do México serão muito mais fáceis.

Federico Antoni, fundador e sócio-gerente, ALLVP, México

Em quais setores você se concentra na América Latina (e em outras regiões)?

Nós apoiamos fundadores formidáveis que resolvem os problemas mais difíceis na América Latina. Focamos em fundadores que compartilham nossa visão de democratizar o acesso a serviços e consertar grandes indústrias ineficientes. Por exemplo, a Cornershop escalou seu marketplace sob demanda do Chile ao Canadá; a Nuvocargo permite milhares de remessas internacionais no corredor comercial mais ativo do mundo; a Robinfood está construindo a maior rede de restaurantes fantasmas da região; e o Yana é o aplicativo de saúde mental com o crescimento mais rápido do mundo, com mais de 6 milhões de downloads.

Qual é o seu investimento mais recente e empolgante na região?

Um exemplo interessante é o Flink, maior plataforma gratuita de negociação de ações da América Latina de língua espanhola, proporcionando a primeira experiência de investimento a milhões de jovens latino-americanos. Apenas alguns meses depois de lançar seu serviço, a plataforma superou em número de contas todas as corretoras no México. Nós lideramos a rodada A em conjunto com a Accel.

Existem startups que você gostaria de ver na região? Quais oportunidades foram ignoradas até agora?

Gostaríamos de ver mais fundadores com foco em solução de problemas de saúde e educação – setores extremamente complexos e que estão prontos para inovação. Considerando a complexidade de operação nesses espaços, acreditamos que as equipes que encontrarem a adequação produto-mercado terão empresas altamente adaptáveis e defensáveis.

Para uma startup da América Latina, quais áreas estão supersaturadas ou apresentariam uma concorrência muito ferrenha neste momento? Quais outros tipos de produtos/serviços o preocupam ou o deixam desconfiado?

Foi injetada uma quantia sem precedentes em challenger banks da região. Embora essa seja uma clara oportunidade de competir com os bancos, é difícil imaginar que há espaço suficiente para construir grandes empresas visando o mesmo grupo de millennials de classe média. Todo esse financiamento é positivo na ponta do lápis porque está impulsionando o setor. Contudo, há muitos outros problemas na região que precisam de uma inovação empresarial urgente.

As fintechs tiveram um ano fenomenal até agora; que outros setores você imagina que se tornarão “aquecidos” na região no futuro?

As startups icônicas na América Latina, como Nubank, Cornershop, Kavak e Bitso, estão resolvendo os problemas dos consumidores. As próximas grandes startups provavelmente virão de empresas que estão construindo o sistemas operacionais de PMEs da região. Fornecer a milhões de pequenas empresas as ferramentas tecnológicas para gerenciar melhor suas finanças, força de trabalho, marketing e logística pode gerar um enorme valor econômico para a região.

Como o Covid-19 afetou sua estratégia de investimento? Quais são as maiores preocupações dos fundadores de seu portfólio? Qual é o seu conselho para as startups em seu portfólio no momento?

Com todo o sofrimento e os transtornos trazidos pela pandemia, seu impacto no setor de tecnologia é um ponto positivo. A ALLVP ficou muito mais ágil e rápida em seu processo de investimento. Aprovamos negócios em poucos dias, sem nos reunir com a equipe pessoalmente, e transferimos o dinheiro em questão de semanas, não meses. Recentemente, criamos a primeira Rede de Operadores da região para convidar empresários que conhecemos e confiamos para todas as nossas rodadas. Esses investidores-anjo prestam um suporte fundamental para as empresas de nosso portfólio, além do que já fazemos.

Considerando que o capital fica disponível mais rapidamente, encontrar o talento certo é o novo gargalo para nossas startups. Isso é um desafio, não apenas para perfis técnicos, mas em todos os níveis hierárquicos. Nesse ambiente, os empreendedores perceberam a importância de trazer investidores locais para sua tabela de capitalização. Nesta era de investidores dos EUA correndo para a região para aproveitar o bom momento, nunca foi tão importante construir uma equipe com fundos de capital de risco da América Latina.

Que momento proporcionou esperança no último mês? Pode ser no âmbito profissional, pessoal ou uma mistura dos dois.

Trabalhar com fundadores que buscam resolver problemas reais para milhões de pessoas me dá esperança. Fico muito grato e animado quando apoio pessoas como Andrea Campos, a extraordinária empreendedora por trás do Yana, um aplicativo de saúde mental que oferece suporte a milhões de falantes de espanhol em todo o mundo. O sucesso dela vai tornar o mundo um lugar melhor e eu fiz parte dessa jornada. Tenho muita sorte.

Cristóbal-Silva Bengolea, sócio-gerente, Fen Ventures, Chile

Em quais setores você se concentra na América Latina (e em outras regiões)?

Buscamos empresas habilitadas para tecnologia que resolvam problemas reais, praticamente agnósticas no setor, mas tendemos a ficar longe de investimentos de varejo, intensivos em capital ou em plataformas sociais. O que vimos com o passar do tempo é que o ecossistema está intimamente relacionado e cresce mais rapidamente em torno dos principais problemas da região; portanto, nosso portfólio tem mais representação dessas áreas, como fintech, SaaS e biotecnologia. Além disso, somos um fundo de impacto, então focamos em apoiar empresas que não apenas possam gerar um retorno financeiro, mas também um retorno social ou ambiental.

Qual é o seu investimento mais recente e empolgante na região?

Estamos muito impressionados com o desempenho das empresas do nosso portfólio nos últimos 18 meses e, portanto, é muito difícil escolher apenas uma. Um de nossos investimentos mais recentes é a Chipax, uma empresa de SaaS com foco em ajudar PMEs na América Latina a controlar suas finanças. É uma ótima ferramenta que capacita os proprietários de negócios a entenderem mais do que seu contador relata, permitindo melhor gestão e planejamento de despesas.

Temos muitas empresas em nosso portfólio que atendem principalmente às PMEs com soluções de alta tecnologia, mas acessíveis e fáceis de usar. Isso é particularmente importante no que diz respeito ao nosso lema de impacto: as PMEs representam cerca de 99,5% do total de empresas na região, mas – mais importante – geram empregos a 60% da mão de obra formal (em comparação com 47% nos EUA). Ao apoiar empresas que, por sua vez, ajudam as PMEs a prosperar, principalmente em tempos de incerteza como o presente, esperamos contribuir para uma economia local mais forte e acelerar o desenvolvimento social.

Existem startups que você gostaria de ver na região? Quais oportunidades foram ignoradas até agora?

Com o rápido crescimento que o ecossistema empreendedor e de startups está apresentando, buscando uma adoção mais ampla de tecnologia, a população está se tornando mais experiente em tecnologia. Como pai de quatro filhos pequenos, adoraria ver mais soluções direcionadas a esse grupo específico, principalmente no que diz respeito a educação tradicional e financeira. A desigualdade está entre os maiores desafios da região e, embora tenhamos chegado longe na democratização da tecnologia, esta não se disseminou igualmente. É ótimo que todos estejamos tentando abordar os problemas que temos agora, mas também devemos olhar os efeitos que a rápida implementação pode trazer no futuro, porque existe um grande risco de tornar a lacuna ainda maior devido a segmentos indignos que precisam mais dela.

Para uma startup da América Latina, quais áreas estão supersaturadas ou apresentariam uma concorrência muito ferrenha neste momento? Quais outros tipos de produtos/serviços o preocupam ou o deixam desconfiado?

O setor de fintech esteve em alta nos últimos anos. Acredito que o limiar era tão baixo que as oportunidades pareciam muito atrativas, então muitas empresas aproveitaram de forma agressiva. Ter referentes em outras regiões mais desenvolvidas certamente ajudou muito em termos de inspirar as soluções tecnológicas que podemos acessar localmente hoje, mas infelizmente o marco regulatório não está evoluindo no mesmo ritmo. Além disso, como é um setor aquecido, as rodadas de financiamento ficaram cada vez maiores nos estágios iniciais (muitas lideradas por investidores estrangeiros), então você tem empresas movidas a dinheiro, uma oportunidade ainda grande, mas uma regulamentação um tanto incerta que não deve ser subestimada. Minha preocupação com isso é que, já que até mesmo os investidores estrangeiros apostam muito no setor local, há muita pressão para que as empresas atuem e cresçam mais rapidamente, o que pode levá-las a agir em seu próprio interesse, em vez de considerar o usuário para o qual pretendiam construir uma solução.

As fintechs tiveram um ano fenomenal até agora; que outros setores você imagina que se tornarão “aquecidos” na região no futuro?

Ainda há muito espaço para crescimento no setor de comércio eletrônico e na infraestrutura que permite o crescimento do comércio eletrônico. Como em qualquer outro lugar do mundo, com o surto de pandemia, houve uma tendência de adoção massiva de tecnologia que forçou muitas pessoas que estavam acostumadas a comprar off-line a buscar alternativas on-line.

Antes da pandemia, não havia tantos estabelecimentos comerciais com vendas on-line como nos EUA e na Europa, e os que vendiam costumavam ter uma experiência do cliente precária. Estamos vendo cada vez mais novas iniciativas com soluções para a criação de websites de comércio eletrônico, gerenciamento de devoluções, gerenciamento de estoque e armazém, otimização de entrega, interação com o cliente e outros. Com o impulso do setor de fintechs, o surgimento dos cartões de débito pré-pagos gerou uma nova camada de consumidores anteriormente ignorados, e, com isso, espero um crescimento e uma evolução ainda mais rápidos do setor.

Como o Covid-19 afetou sua estratégia de investimento? Quais são as maiores preocupações dos fundadores de seu portfólio? Qual é o seu conselho para as startups em seu portfólio no momento?

Felizmente para nós, quando o Covid-19 virou notícia internacionalmente, a maioria das empresas de nosso portfólio havia encerrado novas rodadas de financiamento recentemente. Isso certamente permitiu que nós as apoiássemos de outras formas além de financiamento, o que é algo que acreditamos que esta indústria deve aceitar mais. Se você me perguntasse há 10 anos, quando eu estava nos meus primeiros anos no setor de capital de risco, nunca teria pensado na ideia de investir em uma equipe sem conhecê-la pessoalmente. No entanto, conseguimos ser um dos fundos de capital de risco mais ativos na América Latina durante o segundo trimestre de 2020 ao encerrar todos os novos investimentos. Foi difícil nos acostumar com a ideia, mas, na Fen, consideramos isso uma oportunidade. Desde então, nos conectamos com muitos grandes investidores e empreendedores de diferentes partes do mundo, o que nos fez ampliar nossa visão, que se desenvolveu e está se tornando nosso terceiro fundo, o “Fen III”.

As empresas do nosso portfólio definitivamente prosperaram, de modo geral, durante a pandemia, e muitas delas apresentaram um crescimento de dois dígitos mensalmente! Atualmente, as principais preocupações de nossos fundadores são a contratação e retenção de talentos em tecnologia de ponta, o que é um grande desafio para startups locais, já que a contratação remota as faz competir com empresas estrangeiras por um grupo de talentos ainda limitado. Esse aumento na concorrência no mercado de talentos de tecnologia encareceu o processo de manter e aumentar as equipes, o que explica parcialmente o crescimento das rodadas de financiamento em estágio inicial. Meu conselho seria buscar e manter motivadas pessoas que valorizem sua empresa pelo que ela está fazendo e pelo rumo que está tomando e que não o abandonem na primeira oferta que surgir. Esse caminho pode exigir um esforço adicional, mas com certeza será recompensador.

Que momento proporcionou esperança no último mês? Pode ser no âmbito profissional, pessoal ou uma mistura dos dois.

Profissionalmente, estes últimos dois meses podem ter sido o ponto de inflexão para o ecossistema de empreendedorismo chileno, com dois grandes eventos: a aquisição da Cornershop pela Uber e a arrecadação de fundos Notco na avaliação de unicórnio. Esses dois eventos confirmam o que dizemos há anos – que os empresários chilenos têm todo o talento necessário para criar empresas grandes o suficiente para justificar o apoio da indústria de capital de risco local.

Pessoalmente, recentemente me mudei com minha família para Miami para abrir os escritórios do Fen nos EUA com a missão de apoiar as empresas de nosso portfólio em seus esforços de expansão e arrecadação de fundos.

Matias Van Thienen, presidente, Founders Fund, EUA

Em quais setores você se concentra na América Latina (e em outras regiões)?

Priorizamos a qualidade do fundador acima de tudo. Investimos em qualquer setor se o fundador for excepcional.

Qual é o seu investimento mais recente e empolgante na região?

Investimos na Kavak, marketplace completo para compra e venda de carros usados. O aspecto mais empolgante da Kavak, semelhante a muitas das maiores e mais atrativas startups da região, é que ela está resolvendo um problema muito mais profundo do que aquele que existe nos EUA. No México, apenas 5% das compras de carros usados são financiadas e 40% de todas as transações envolvem algum tipo de fraude. A Kavak está construindo a infraestrutura financeira e logística, bem como a confiança, para que os consumidores mexicanos comprem e vendam carros usados com segurança e sem problemas pela primeira vez. Embora seja muito mais difícil construir uma infraestrutura fundamental em um mercado que não a possui, os fossos competitivos que se formam se você tiver sucesso são incrivelmente valiosos. Estamos confiantes de que a Kavak será a líder absoluta nos mercados emergentes globais nos próximos anos.

Existem startups que você gostaria de ver na região? Quais oportunidades foram ignoradas até agora?

Gostaríamos de ver mais empresas com uma ambição global, em vez de apenas operar na América Latina. Vimos empresas extraordinárias como a Auth0 e a Mural adotarem essa abordagem e gostaríamos de ver mais fundadores construindo produtos para um público global.

Para uma startup da América Latina, quais áreas estão supersaturadas ou apresentariam uma concorrência muito ferrenha neste momento? Quais outros tipos de produtos/serviços o preocupam ou o deixam desconfiado?

O Nubank, primeiro grande investimento do Founders Fund na América Latina, anunciou que tem mais de 40 milhões de clientes na região, portanto, geralmente desconfiamos de outros neobancos de varejo emergentes sem uma diferenciação clara. Fora isso, normalmente ficamos longe de categorias com baixas barreiras de entrada, que tendem a resultar em guerras onerosas de capital.

As fintechs tiveram um ano fenomenal até agora; que outros setores você imagina que se tornarão “aquecidos” na região no futuro?

Dado o impacto da pandemia na adoção do comércio eletrônico, vemos um forte vento favorável para empresas que atendem melhor aos consumidores e comerciantes, desde o setor de comércio social até infraestrutura e logística. Desses setores, o comércio social provavelmente receberá mais atenção, dado o potencial de gerar uma nova plataforma de consumo geracional.

Como o Covid-19 afetou sua estratégia de investimento? Quais são as maiores preocupações dos fundadores de seu portfólio? Qual é o seu conselho para as startups em seu portfólio no momento?

Embora inicialmente nossa equipe tenha demorado para se acostumar a avaliar os fundadores sem poder fazer reuniões presenciais, isso não afetou nossa estratégia de investimento. Continuamos focados em apoiar fundadores extraordinários que enfrentam os problemas mais importantes do mundo. Meu conselho para nossas empresas é pensar rigorosamente nos desafios e oportunidades em torno do trabalho híbrido/remoto e encontrar a abordagem que permite cumprir sua missão sem precisar imitar o que os outros estão fazendo.

Que momento proporcionou esperança no último mês? Pode ser no âmbito profissional, pessoal ou uma mistura dos dois.

Recentemente me reuni com um fundador de São Paulo que me disse que eu era a primeira pessoa que ele viu além de sua família desde o início da pandemia, há 14 meses, o que me deixou feliz por estarmos começando a voltar à normalidade, especialmente em países que foram ainda mais atingidos pelo Covid que os EUA. Em vista disso, o planejamento do meu casamento na Colômbia nos encheu de esperança, sabendo que as pessoas estão ansiosas para retomar as conexões humanas pessoalmente.

Pablo Fernandez, sócio, Endurance Investments, Chile

Em quais setores você se concentra na América Latina (e em outras regiões)?

Até agora fomos muito abertos em termos de setor. Já investimos em foodtech, agtech, dispositivos médicos, plataformas Saas, IoT e muito mais. O que esses setores têm em comum? Além de equipes incríveis, todas essas startups possuem uma forte solução baseada em ciência e tecnologia, a maioria delas está no mercado B2B e em setores com forte relevância na América Latina.

Qual é o seu investimento mais recente e empolgante na região?

Nosso último investimento foi na The Live Green Co, empresa que desenvolve uma tecnologia baseada em IA para desenvolver ingredientes funcionais à base de plantas para criar rótulos limpos para diferentes produtos. A empresa também tem produtos veganos próprios, como sorvete, hambúrgueres, barras de proteína e outros. Estamos prestes a anunciar um novo investimento em uma empresa que vai revolucionar a indústria da psicologia on-line, combinando um marketplace com ferramentas baseadas em IA para melhorar o desempenho dos psicólogos e permitir que os pacientes tenham uma experiência melhor.

Existem startups que você gostaria de ver na região? Quais oportunidades foram ignoradas até agora?

Todos os anos, vemos cada vez mais empresas latino-americanas se juntando à YC e a outras aceleradoras nos EUA e na Europa. A maioria delas são startups digitais que adaptam o modelo de negócios dos EUA para a América Latina. Estou sentindo falta de startups de base científica em áreas como biotecnologia, considerando que a América Latina tem algumas condições únicas (capital humano altamente qualificado, extrema biodiversidade, bons centros de pesquisa etc.).

Para uma startup da América Latina, quais áreas estão supersaturadas ou apresentariam uma concorrência muito ferrenha neste momento? Quais outros tipos de produtos/serviços o preocupam ou o deixam desconfiado?

Estamos bastante otimistas em relação à América Latina como um todo e temos confiança de que existem muitas oportunidades em todos os setores. Dito isso, há uma proliferação de startups imitadores que não necessariamente focam nos problemas reais da região.

As fintechs tiveram um ano fenomenal até agora; que outros setores você imagina que se tornarão “aquecidos” na região no futuro?

Continuamos vendo espaço para o crescimento de fintechs na América Latina, mas o novo setor em alta definitivamente será o de biotecnologia. Os setores de foodtech e agtech têm muito a oferecer, considerando a demanda por uma produção mais sustentável e verde.

Como o Covid-19 afetou sua estratégia de investimento? Quais são as maiores preocupações dos fundadores de seu portfólio? Qual é o seu conselho para as startups em seu portfólio no momento?

A pandemia acelerou tendências que observamos nos últimos anos, e isso ajudou a confirmar nossa tese de que a tecnologia vai inovar em todos os setores, principalmente em lugares como a América Latina. Além disso, o trabalho remoto tem sido uma forma de captar talentos em diferentes locais e permitir que as empresas contratem equipes mais diversificadas. A principal preocupação de nossos fundadores é o impacto negativo da pandemia sobre a economia; temos um portfólio sólido de B2B, mas a maioria das PMEs estão sofrendo.

Que momento proporcionou esperança no último mês? Pode ser no âmbito profissional, pessoal ou uma mistura dos dois.

Ver que a Eurocopa e o torneio de Wimbledon estavam cheios de espectadores me deu esperança – há uma lux no fim do túnel.

Andre Maciel, Volpe Capital, Brasil

Em quais setores você se concentra na América Latina (e em outras regiões)?

Fintech, Edtech, Health tech e software.

Qual é o seu investimento mais recente e empolgante na região?

Temos alguns. A Uol Edtech, empresa líder em educação digital, vem crescendo com margens excelentes. A Caju, um de nossos novos investimentos no segmento de benefícios, ascende como um foguete em um mercado-alvo muito grande.

Existem startups que você gostaria de ver na região? Quais oportunidades foram ignoradas até agora?

Adoraríamos ver mais empresas de deep tech ou biotecnologia. A região quase não tem desenvolvimento tecnológico, mas utiliza muito a tecnologia.

Para uma startup da América Latina, quais áreas estão supersaturadas ou apresentariam uma concorrência muito ferrenha neste momento? Quais outros tipos de produtos/serviços o preocupam ou o deixam desconfiado?

Nenhum. A região ainda está sedenta por capital.

As fintechs tiveram um ano fenomenal até agora; que outros setores você imagina que se tornarão “aquecidos” na região no futuro?

Software B2B. As empresas da região ainda estão nos estágios iniciais de adoção da nuvem e digitalização completa.

Como o Covid-19 afetou sua estratégia de investimento? Quais são as maiores preocupações dos fundadores de seu portfólio? Qual é o seu conselho para as startups em seu portfólio no momento?

A pandemia acelerou a digitalização na região. No geral, vemos os mercados como mais maduros para a adoção generalizada de tecnologia. A principal área de foco de nossos fundadores é agir rapidamente e tentar capturar as oportunidades de mercado. Acreditamos que o capital continuará a fluir para as empresas de tecnologia da região, e as empresas que se movem mais rapidamente terão vantagem. Nosso principal conselho é que nossas empresas se concentrem na excelência em seu produto principal e na captura de oportunidades antes de passar para outras frentes.

Que momento proporcionou esperança no último mês? Pode ser no âmbito profissional, pessoal ou uma mistura dos dois.

Foi bom ver a vida voltar um pouco ao normal nos Jogos Olímpicos. É sempre inspirador ver a dedicação e o que é preciso para ser um atleta olímpico – em muitos casos, quatro anos de dedicação para poucas horas ou minutos de competição.

Nathan Lustig, sócio-gerente, Magma Partners, Chile

Em quais setores você se concentra na América Latina (e em outras regiões)?

Provavelmente somos mais conhecidos por nossos investimentos em fintech, mas investimos em muitos setores, incluindo fintech, prop tech, insurtech, infraestrutura de API, marketplaces, SaaS, logística e outros.

Qual é o seu investimento mais recente e empolgante na região?

Alguns de nossos investimentos mais recentes foram:

Neivor – SaaS + fintech para gerenciar prédios residenciais na América Latina

Quansa – Produtos de educação financeira para a América Latina

Zenda – Seguro saúde Freemium para o México

Existem startups que você gostaria de ver na região? Quais oportunidades foram ignoradas até agora?

Sim, temos uma grande lista de startups que adoraríamos ver alguém construir e que adoraríamos financiar. Se algum possível fundador estiver buscando ideias, sinta-se à vontade para entrar em contato; adoraríamos compartilhar algumas de nossas ideias. As oportunidades ignoradas na América Latina são os fundadores subestimados, aqueles que não frequentaram as melhores universidades dos EUA e não têm acesso aos mercados de capitais dos EUA geralmente até a Série B.

Para uma startup da América Latina, quais áreas estão supersaturadas ou apresentariam uma concorrência muito ferrenha neste momento? Quais outros tipos de produtos/serviços o preocupam ou o deixam desconfiado?

Parafraseando Jeff Bezos, ainda estamos no dia 1 na América Latina. Ainda existem muitas oportunidades para resolver os grandes problemas da região.

As fintechs tiveram um ano fenomenal até agora; que outros setores você imagina que se tornarão “aquecidos” na região no futuro?

À medida que “tecnologia” se torna “a economia”, espero que mais setores se aqueçam, como o de fintechs. Também estou de olho nos setores de insurtech, logística e marketplaces verticais.

Como o Covid-19 afetou sua estratégia de investimento? Quais são as maiores preocupações dos fundadores de seu portfólio? Qual é o seu conselho para as startups em seu portfólio no momento?

Com exceção de startups relacionadas a viagens, o Covid-19 foi positivo para startups de tecnologia. Grandes empresas na América Latina que não priorizavam a transformação digital em sua lista de tarefas agora a colocaram em primeiro lugar, o que está levando a América Latina de dois a 10 anos à frente, dependendo do setor.

A maioria dos fundadores está preocupada com o FOMO (medo de perder) e com a construção de um espaço hipercompetitivo à medida que mais financiamento chega à região.

Meu conselho seria: continue operando e resolvendo problemas, arrecade dinheiro de bons parceiros e não se enrole com as valorizações. Foque no básico e execute seu plano de resolver os maiores problemas da América Latina.

Que momento proporcionou esperança no último mês? Pode ser no âmbito profissional, pessoal ou uma mistura dos dois.

Ver mais rodadas realizadas por novos participantes no mercado que também possuem fundadores subestimados com muita tração. Podemos construir um ecossistema na América Latina que pegue o melhor do Vale do Silício e o misture com o melhor da América Latina.