Bloomberg — Empresas chinesas com pedidos para abrir o capital nos Estados Unidos agora enfrentam perguntas cada vez mais detalhadas da Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC) sobre suas estruturas corporativas offshore, segundo pessoas a par do assunto.
Muitas das consultas da SEC têm se concentrado na natureza e no destino dos fluxos de caixa por meio das chamadas entidades de participação variável (VIE, na sigla em inglês) que permitem às empresas chinesas contornar restrições do governo de Pequim ao controle estrangeiro, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.
Autoridades da SEC pediram às empresas que quantificassem as transferências e dividendos entre a controladora e outras entidades, bem como seus respectivos saldos e quaisquer implicações fiscais, disseram as pessoas. A agência reguladora também pediu divulgações adicionais sobre os riscos políticos e regulatórios na China, disse uma das fontes, acrescentando que agora empresas com novos registros de IPO podem enfrentar até 20 perguntas a mais do que anteriormente.
As perguntas oferecem um quadro inicial de como o presidente da SEC, Gary Gensler, está cumprindo a promessa feita no fim de julho de pedir mais informações sobre IPOs de companhias chinesas em Nova York. Embora algumas candidatas possam se confortar com o fato de que a SEC ainda está solicitando informações, não está claro se os reguladores acabarão por aprovar as novas ofertas chinesas. Gensler disse na segunda-feira que pediu à equipe da SEC para “fazer uma pausa por enquanto” na autorização de IPOs que usam a estrutura VIE.
A SEC não respondeu de imediato a um pedido de comentário por e-mail.
A agência age com mais cautela depois que reguladores chineses anunciaram inúmeras medidas nas últimas semanas dirigidas a empresas nos setores de tecnologia e educação do país, o que derrubou os preços das ações e levou alguns investidores a questionarem se os recibos de depósito americanos que representam participações em companhias chinesas ainda são investíveis.
Gensler tem enfrentado pressão para aumentar o escrutínio das empresas chinesas depois que as ações da Didi Global despencaram após o IPO nos Estados Unidos em junho. Logo após a listagem, a China anunciou que estava conduzindo uma revisão de segurança e impedindo a empresa de aplicativo de transporte de inscrever novos clientes.
Posteriormente, a China exigiu análises de segurança cibernética de empresas listadas no exterior com dados de mais de 1 milhão de usuários. Os reguladores também proibiram que algumas companhias que oferecem conteúdo de reforço escolar tivessem fins lucrativos, eliminando bilhões de valor de mercado.
Empresas chinesas, como a startup de logística sob demanda Lalamove, suspenderam planos de IPO nos Estados Unidos ou avaliam abrir o capital em Hong Kong. Outras, como a gigante de compartilhamento de bicicletas Hello, desistiram dos planos de abrir o capital.
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