Fed vê meta de inflação cumprida, mas se divide quanto a compra de títulos: Ata

Membros do Fomc concordaram que a redução do ritmo de compras deve ser iniciada, mas ainda sem consenso quanto ao prazo ou ritmo

Ata do Fomc indica que as autoridades ainda veem espaço para melhorias no mercado de trabalho
Por Craig Torres
18 de Agosto, 2021 | 03:54 PM

Bloomberg — Os membros do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fomc) concluíram amplamente que a meta de inflação está sendo alcançada, enquanto ainda precisam de progresso quanto a seu mandato relativo ao mercado de trabalho, conforme a ata da reunião de julho.

“A maioria dos participantes julgou que o padrão do Comitê de ’progresso adicional substancial‘ em direção à meta de emprego máximo ainda não havia sido alcançado”, disse o documento do encontro de 27 e 28 de julho divulgada nesta quarta-feira (18). “Ao mesmo tempo, a maioria dos membros comentou que esse padrão foi alcançado com relação à meta de estabilidade de preços.”

A próxima reunião do Fomc acontece nos dias 21 e 22 de setembro. Sobre o cronograma de redução da compra de títulos, a ata mostra que a maioria dos participantes “julgou que poderia ser apropriado começar a reduzir o ritmo de compras de ativos neste ano”.

As autoridades ainda não chegaram a um acordo sobre o prazo ou o ritmo, mas a maioria concordou sobre como manter proporcional a composição de qualquer redução nas compras de títulos do Tesouro e lastreados em hipotecas.

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“Vários participantes” disseram que as condições econômicas e financeiras justificariam uma redução do ritmo mensal de US$ 120 bilhões “nos próximos meses”. Enquanto “vários outros” consideraram uma redução “mais provável de se tornar apropriada no início do próximo ano” porque o mercado de trabalho não atingiu seu padrão de progresso substancial.

Divergências de opiniões

Os membros do Fomc divergiram publicamente nas últimas semanas desde a reunião, quando o banco central deveria começar a diminuir as compras, como o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, querendo ver “mais alguns” relatórios de empregos sólidos, e outros, como o presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, dizendo que está aberto a anunciar planos para uma redução na próxima reunião se os números de emprego de setembro vierem bons.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse nesta quarta-feira (18) que gostaria de ver a redução gradual do programa de compra de ativos até o primeiro trimestre de 2022.

A ata indica que as autoridades ainda veem espaço para melhorias no mercado de trabalho. Os ganhos de empregos têm sido fortes, em média 617.000 por mês até julho deste ano. A taxa de desemprego ficou em 5,4% no mês passado.

A relação emprego-população para trabalhadores entre 25 e 54 anos era de 77,8% no mês passado, em comparação com 80,5% no início de 2020, enquanto as taxas de desemprego entre hispânicos e negros permanecem altas em 6,6% e 8,2%.

A recuperação tem sido forte, com desequilíbrios de oferta e demanda pressionando os preços. O indicador de inflação do Fed subiu a um ritmo de 4% nos 12 meses encerrados em junho, em comparação com a meta de 2% do Fed.

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O Fed cortou a taxa básica de juros para zero em março de 2020 e anunciaram que comprariam US$ 200 bilhões em títulos lastreados em hipotecas de agências e US$ 500 bilhões em títulos do Tesouro para apoiar o funcionamento do mercado. Em dezembro de 2020, o banco central realinhou a orientação, dizendo que compraria US$ 80 bilhões por mês em títulos do Tesouro e US$ 40 bilhões por mês em títulos hipotecários “até que um progresso substancial tenha sido feito em direção às suas metas de emprego máximo e estabilidade de preços”.

As compras de ativos reduziram as taxas de juros de longo prazo e ajudaram a alimentar um aumento nos preços das moradias e outros ativos financeiros, com os ganhos de um mês nos índices de preços das residências quebrando recordes, enquanto os índices de ações também negociam em níveis recordes.

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