Bloomberg — O Taliban permitirá que as mulheres trabalhem em seu governo sob certas condições, marcando mudança em um tópico que ajudará a determinar se os EUA e seus aliados reconhecerão oficialmente a autoridade do grupo militante no Afeganistão.
As mulheres poderão trabalhar “onde quiserem” dentro dos limites da lei da sharia, afirmou um oficial do Taliban que pediu para não ser identificado devido às regras do grupo sobre falar com a mídia. Esses empregos podem ser no governo, no setor privado, no comércio e em outros lugares, disse.
Anteriormente, a Associated Press havia citado um membro da comissão cultural do Taliban dizendo que as mulheres “deveriam estar na estrutura do governo de acordo com a lei da sharia. O Emirado Islâmico não deseja que as mulheres sejam vítimas”, afirma a agência de notícias, citando Enamullah Samangani.
Os EUA e outras nações nos últimos dias vincularam o reconhecimento oficial do Taliban à sua disposição de formar um governo inclusivo, com o Conselho de Segurança das Nações Unidas pedindo “a participação plena, igual e significativa das mulheres”. Os islâmicos fundamentalistas têm procurado projetar uma imagem mais moderada enquanto se preparam para assumir o poder após uma blitz militar rápida quando as tropas dos EUA deixam o país após 20 anos de guerra.
Em seu comando de cinco anos entre 1996 e 2001, culminando na invasão dos EUA após os ataques terroristas de 11 de setembro, o Taliban governou o Afeganistão sob uma interpretação extremamente conservadora das leis da sharia. As mulheres foram proibidas de trabalhar fora de casa e de frequentar escolas ou faculdades, obrigadas a ter um acompanhante masculino se saíssem em público e deveriam usar uma burca - vestimenta que cobre rosto e corpo por completo. As punições por não conformidade incluíam apedrejamentos e execuções públicas.
O Taliban também fez repetidas promessas de segurança e “anistia” para todos os oficiais e funcionários do governo desde que seus combatentes entraram na capital Cabul e tomaram o palácio presidencial. O presidente do país, Ashraf Ghani, apoiado pelos EUA, fugiu para um local não revelado no mesmo dia.
Leia mais em bloomberg.com