Petróleo recua pelo 4º dia com receios por variante delta

Analistas divergem sobre extensão do impacto da nova onda de Covid-19 nos preços da commodity

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Bloomberg — Os preços do petróleo caíram pelo quarto dia consecutiva, se encaminhando para a maior sequência de perdas desde março sob a ameaça de queda na demanda por conta da variante delta da Covid-19.

Os futuros do West Texas Intermediate (WTI), o contrato negociado nos EUA, caíram 0,4%, depois de perder quase 3% nas três sessões anteriores. O consumo de gasolina no país caiu pela terceira semana, de acordo com uma pesquisa da Descartes Labs, enquanto dados da China desta segunda-feira (16) revelaram uma desaceleração da economia no mês passado. Uma pressão negativa adicional veio com o fortalecimento do dólar, tornando as commodities precificadas em moeda mais caras.

“A batalha em curso contra o mais recente surto de vírus está aparecendo nos dados econômicos e, quando a leitura é desanimadora na segunda maior economia do mundo, os investidores percebem”, disse Tamas Varga, analista da PVM Oil Associates Ltd.

Depois de uma forte recuperação na primeira metade do ano, o avanço do petróleo foi controlado nas últimas semanas. A variante delta estimulou novas restrições à mobilidade em muitos países, incluindo na China, prejudicando o consumo de energia. O JPMorgan é um dos bancos que está reduzindo as previsões do preço do petróleo.

Embora a evolução da demanda esteja em dúvida, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, incluindo a Rússia, (Opep+) mantiveram em curso o relaxamento das restrições à produção impostas na fase inicial da pandemia. Os suprimentos devem aumentar em 400.000 barris por dia neste mês.

Com a redução dos preços, os delegados da organização disseram não ver a necessidade de acelerar a retomada da produção, apesar de um apelo do presidente dos EUA, Joe Biden, na semana passada, para que o grupo restaure mais a produção para reduzir os preços da gasolina. A próxima reunião regular da Opep+ está marcada para 1º de setembro.

Ainda assim, o Goldman Sachs mantém uma previsão de que o Brent, o contrato do petróleo negociado em Londres, atingirá US$ 80 o barril no próximo trimestre em meio a um déficit de oferta, uma vez que espera que o impacto do delta no consumo seja transitório.