Bloomberg — Para um dos maiores fundos de hedge do mundo, as ações chinesas listadas nos Estados Unidos simplesmente não valem mais o risco.
Paul Marshall, cofundador da empresa de investimentos Marshall Wace, com ativos de US$ 59 bilhões, disse que a repressão da China sobre os setores de tecnologia e educação afastou investidores, mesmo que autoridades tenham procurado limitar o impacto negativo. Agora é mais provável que as listagens do país fiquem em grande parte confinadas à China continental, previu o bilionário.
“O efeito dessas várias intervenções, especialmente o momento dos anúncios em torno da listagem da Didi nos Estados Unidos, tem sido o de desencorajar muitos investidores americanos ou internacionais”, disse Marshall em carta a clientes na semana passada. “Poderíamos argumentar que os recibos de depósito americanos de empresas chinesas listados nos EUA agora não são investíveis.”
O governo de Pequim iniciou uma campanha antimonopólio contra as chamadas Big Techs, análises de cibersegurança para listagens estrangeiras e decidiu proibir que provedoras de conteúdo de reforço escolar tenham lucro, medidas que causaram ondas de choque nos mercados financeiros globais no mês passado. Investidores agora estão preocupados com o que está por vir.
Documentos regulatórios mais recentes nos EUA mostram que alguns dos fundos de hedge mais conhecidos do mundo, como a firma de investimentos de George Soros, a D1 Capital Partners e a empresa de investimentos dirigida por Dan Sundheim já estavam reduzindo suas exposições e, pelo menos parcialmente, escaparam das fortes perdas com empresas chinesas.
A Marshall Wace reduziu a exposição a ADRs de empresas chinesas como Tencent Music Entertainment, iQiyi e Baidu no segundo trimestre, de acordo com documentos regulatórios enviados à SEC dos EUA.
Um porta-voz da empresa com sede em Londres não quis comentar.
Para grande parte do setor, apostar em ações chinesas tem sido uma das estratégias mais difíceis deste ano. O índice Nasdaq Golden Dragon China, que acompanha 98 das maiores empresas chinesas listadas na bolsa, acumula baixa de 32%. Pelo menos meia dúzia de fundos de hedge com sede na Ásia registrou perdas de dois dígitos em meio à onda vendedora.
O MW Eureka, principal fundo da Marshall Wace, subiu mais de 1% no mês passado e lucrou com apostas em companhias chinesas. Embora com posições compradas líquidas em ações chinesas, tinha apostas vendidas contra ações listadas nos Estados Unidos e em Hong Kong, de acordo com a carta.
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