Com avanço de vacinação, Doria fala em retomada de grandes eventos e prevê o ‘melhor Natal de todos os tempos’

Exclusivo: Governador de São Paulo diz que maioria do brasileiros não quer “nem horror nem terror” na política

Governador de São Paulo
17 de Agosto, 2021 | 07:36 AM

São Paulo — Com quase 100% de adultos já imunizados com a primeira dose de vacina em São Paulo, o governador João Doria afirma o que o Estado começa a deixar para trás uma fase entristecida de mais de um ano e meio de pandemia para ver uma grande retomada da economia e a volta de grandes eventos, como a Fórmula 1 e o festival Lollapalooza.

“Vamos ter o melhor Natal da história para o comércio”, disse o governador, em entrevista presencial para a Bloomberg Línea no Palácio dos Bandeirantes. Para Doria, a retomada da economia em São Paulo será mais rápida do que se imaginou e compensará parcialmente o longo período de isolamento, distanciamento social e de restrições adotadas durante a pandemia.

O governador afirma que o Estado de São Paulo, que responde por 36% da economia brasileira, deve crescer perto de 7,6% neste ano, enquanto a previsão para o país como um todo é de expansão de 5%. “Ou seja, São Paulo vai crescer 50% mais do que o Brasil. Aliás, não diferentemente do que já aconteceu em 2019 e em 2020 graças à boa política econômica que adotamos aqui sob a liderança do Henrique Meirelles e da Patricia Ellen [respectivamente, secretários da Fazenda e do Desenvolvimento Econômico]”.

Para Doria, o bom desempenho da economia paulista resulta da liderança do Estado na campanha de vacinação e na aposta em um governo liberal, que atrai capital externo, estimula a desestatização, concessões, parcerias público-privadas e privatizações. “Isso está dando resultado. E agora com a retomada, a partir da vacinação, nós teremos vários setores que foram muito prejudicados durante o período da pandemia que vão retornar e com muita força”, disse, se referindo ao setor de eventos culturais e corporativos.

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“E agora, a partir de novembro, retomamos os grandes eventos, com o Prêmio São Paulo de Fórmula 1, no dia 14 de novembro. A partir daí, teremos uma série de eventos de grande envergadura na capital e no Estado”, disse, ressalvando que desde que não ocorra uma piora na pandemia.

“Tudo isso correndo bem, dentro de uma expectativa de normalidade, de intensificação da vacinação, nenhuma nova cepa além daquelas que já foram identificadas e em um processo de normalidade. Será o melhor Natal da história. Isso significa que o comércio terá um forte impulso nas suas vendas, tanto na presencial quanto na virtual”, complementou.

Nem horror nem terror na política

Na entrevista, Doria disse que a maioria dos brasileiros não quer “nem o horror nem o terror” na política, se referindo à disputa prevista entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva. “Nós temos 50% do eleitorado que não quer nem Lula nem Bolsonaro. Isso é muito claro no Brasil; aqui em São Paulo, diria que é ainda um pouco mais: 55% dos eleitores não querem os extremos. Não querem nem o horror e nem o terror; nem Lula nem Bolsonaro”, disse.

Para Doria, isso significa que há uma “grande avenida” para de terceira via apresentar um “candidato liberal, com propostas para a recondução do Brasil para a saúde, para a vida, para o crescimento, para o progresso, para a geração de emprego e para a esperança”.

“A grande lição é que o Brasil é maior do que aqueles que o comanda. Porque sobreviver a um período tão dramático com um negacionista, dizendo que isso era uma gripezinha, um resfriadozinho, [que dizia] não use máscara, que tira máscara de criança, alguém que compra cloroquina e não compra vacina... E o país sobreviver a tudo isso. Essa é a grandeza do país; é um legado triste, mas que nos traz força para saber que o Brasil é maior do que aquele que o comanda”, disse.



Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.