Camil pode ser uma ameaça à líder M.Dias Branco?

Indústria de massas, pães e biscoitos cresceu 9% em 2020 e movimentou R$ 40,5 bilhões. Analistas acreditam que a líder do mercado pode ser impactada, sim, pela entrada de um novo player

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São Paulo — Líder do mercado brasileiro de massas e biscoitos e dona de marcas tradicionais como Adria, Piraquê e Vitarella, a M.Dias Branco vai enfrentar uma concorrente peso-pesado da indústria de alimentos. Com a compra da Santa Amália, a Camil entra no segmento de massas e com potencial para expandir sua presença, inclusive por meio de novas aquisições.

Na disputa, um mercado que movimentou no ano passado R$ 40,5 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (Abimapi). Desse total, a maior fatia ainda é a de biscoitos, que representa 49% (R$ 20 bilhões), e onde a Santa Amália ainda não atua. Já as massas ficam com uma parcela de 28% (R$ 11,3 bilhões), enquanto os pães e bolos têm 23% (R$ 9,2 bilhões).

Apesar de a Camil ainda não estar no principal segmento do setor, essa presença será uma questão de tempo. “Temos apetite para outras aquisições na cadeia do trigo. Temos interesse em olhar outros segmentos como farinha, massas e biscoitos. Vamos ter um papel relevante no setor. O desejo de entrar em novos segmentos vem para dar escala e relevância junto aos clientes e não por uma diversificação de riscos”, disse Luciano Maggi Quartiero, CEO da Camil Alimentos, na conferência com investidores hoje pela manhã.

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Para o analista do Bradesco BBI, Ricardo França, a entrada da Camil no mercado de massas deve representar mais concorrência. “Achamos que o mercado vai ler esta aquisição como neutra para a Camil e marginalmente negativa para a M. Dias Branco. A expansão da Camil no negócio de massas no longo prazo pode resultar em uma competição mais forte para M. Dias”, disse o analista.

Contudo, o analista se diz otimista com a M. Dias Branco. O Bradesco BBI espera por uma margem Ebitda de 16% em 2022 para a empresa cearense ante os atuais 7% e que a Camil precisará trabalhar para elevar o Ebitda da Santa Amália de uma margem negativa para pelo menos 11%. Esperamos que a Camil esteja focada na melhoria das operações de Santa Amália nos próximos seis a 12 meses. Portanto, vemos esta aquisição como marginalmente negativa para a ação da M. Dias”, afirma França.