Camil paga R$ 410 milhões por Santa Amália e entra no segmento de massas

Empresa diz estar com apetite para novas aquisições, mirando empresas que atuam na produção de farinha e biscoitos

Tradicionalmente conhecida no mercado de arroz e feijão, empresa dá o primeiro passo no novo segmento e não descarta novas aquisições para seguir crescendo
17 de Agosto, 2021 | 11:23 AM

São Paulo — Conhecida nacionalmente pela atuação no segmento de arroz e feijão, mas também com presença em açúcar e pescados, a Camil Alimentos deu um passo importante para diversificar seus negócios.

A empresa anunciou na noite desta segunda-feira (16) a compra da mineira Santa Amália por R$ 410 milhões, dos quais R$ 150 milhões são dívidas. Com o negócio, a empresa entra no segmento de massas e dá o primeiro passo na produção do trigo.

Líder de mercado nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, a Santa Amália foi fundada em 1954, no município de Machado, e adquirida pelo grupo peruano Alicorp em 2013. Em 2020, a empresa fechou o ano com faturamento de R$ 476 milhões e com Ebitda de R$ 40 milhões.

PRÓXIMOS PASSOS Com a aquisição, a Camil prevê sinergias da ordem de R$ 20 milhões a serem capturadas ao longo dos próximos 12 meses, principalmente com a redução de custos e despesas. Operacionalmente, a expectativa é que as operações da Camil e da Santa Amália apresentem muito mais complementaridade do que sobreposição.

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“O negócio representa uma oportunidade para Camil para ter uma maior penetração em Minas Gerais, já que hoje temos uma concentração em Belo Horizonte. Vamos nos preparar para utilizar essa capacidade para alavancar produtos da Camil, utilizando essa força de distribuição vamos conseguir aumentar a penetração dentro do Estado”

Flávio Vargas, CFO e diretor de relações com investidores da Camil, em conferência na manhã de hoje

No sentido oposto, o plano da Camil é usar sua rede de distribuição em outros Estados, em especial São Paulo, para alavancar a marca Santa Amália. “A Camil agrega maior distribuição de outros Estados. Temos cobertura de clientes em São Paulo que será explorada pela Santa Amália. Não vamos sobreposição dos times comerciais, mas sim, um complemento”, disse Luciano Maggi Quartiero, CEO da Camil Alimentos, ao lembrar que esse potencial de crescimento da marca não está contabilizado nas sinergias estimadas inicialmente.

A compra da Santa Amália representa apenas o primeiro passo da Camil dentro da cadeia do trigo e do segmento de massas. Além dos investimentos que devem ser realizados para adequação das linhas industriais e otimização da produção, a estratégia de crescimento da empresa no setor inclui novas aquisições.

“Temos apetite para outras aquisições na cadeia do trigo. Temos interesse em olhar outros segmentos como farinha, massas e biscoitos. Vamos ter um papel relevante no setor. O desejo de entrar em novos segmentos vem para dar escala e relevância junto aos clientes e não por uma diversificação de riscos”, disse Quartiero, ao lembrar que a Camil ainda não desistiu de entrar também no segmento de café, um antigo desejo da empresa.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.