Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e suas medalhas sustentáveis feitas de eletrônicos reciclados

Para levar ideia adiante, 90% das cidades do Japão participaram, coletando 6,21 milhões de celulares usados para fazer 5 mil medalhas

Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram os primeiros a instaurar as medalhas sustentáveis
Por Marcella McCarthy (Brasil)
13 de Agosto, 2021 | 03:27 PM

Miami — As Olimpíadas de Tóquio acabaram, e os atletas já estão voltando para casa com suas medalhas. Na América Latina, o Brasil lidera o quadro de medalhas, com 21, das quais sete são de ouro. Mas você já se perguntou se as medalhas eram realmente feitas de ouro de verdade, a resposta tem duas partes: primeiro, as medalhas são feitas de uma amálgama de materiais, e só então são folheadas a ouro. Segundo, os materiais básicos ficam parcialmente a cargo do país anfitrião. Por exemplo, os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 foram os primeiros nos quais as medalhas foram fabricadas a partir de material reciclado.

“As medalhas verdadeiras foram feitas de eletrônicos reciclados, e boa parte deles foram doados pelos japoneses, que gostariam de participar das Olimpíadas”, disse Marcus Shen, Diretor de Operações da B-Stock, uma das maiores plataformas B2B de “recomércio” de eletrônicos e eletrodomésticos do mundo. O recomércio é a revenda de produtos, e no caso da B-Stock, são eletrônicos e eletrodomésticos vindos diretamente de varejistas conhecidas, como a Target, o Walmart e a Amazon.

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O Japão organizou o “Projeto Medalhas para Tóquio 2020” para coletar pequenos eletrônicos, como celulares usados, em todo o país; então, eles foram transformados em medalhas olímpicas. O projeto torna as Olimpíadas de Tóquio 2020 a primeira na história dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos a envolver os cidadãos na produção das medalhas.

Para realizar o feito, 90% das cidades do Japão participaram, coletando 6,21 milhões de celulares usados para fazer 5 mil medalhas.

Para ficarem atualizados quanto às tendências e a tecnologia mais recente, as pessoas trocam de celular regularmente, deixando os antigos aparelhos guardados em casa. Embora os dispositivos utilizados para fazer as medalhas provavelmente foram usados e guardados, muitos eletrônicos são comprados e devolvidos em uma embalagem danificada, que as varejistas não conseguem revender. São esses – e outros aparelhos – que vão para o site da B-Stock. Dito isso, a B-stock não compra nenhum dos itens, mas assim como o e-Bay, a plataforma é simplesmente uma intermediária entre compradores e vendedores.

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A sustentabilidade tem sido uma tendência crescente nos últimos anos, tanto nos negócios quanto no varejo, e as empresas desejam ser sustentáveis em suas práticas.

“As empresas não querem jogar nada fora e se tornar parte do problema”, disse Shen à Bloomberg Línea.

“Plataformas como o e-Bay fizeram parte do movimento 1.0 do recomércio; agora vemos muitos novos marketplaces que oferecem o mesmo serviço em muitas categorias”, acrescentou.

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A B-Stock opera no formato B2B, portanto pessoas físicas sem ID de revenda não podem adquirir itens no site. Mas não são apenas produtos novos que são vendidos no site – produtos usados também.

“A mudança no consumo vai de encontro a itens com valor durável”, afirmou Shen. Essa mudança decolou após a última recessão nos EUA. Atualmente, as pessoas estão adquirindo produtos sem marca, fabricados localmente e com boa qualidade, como era antigamente.

“Os millennials e os mais jovens tendem a pensar na sustentabilidade”, disse Shen.

Marcella McCarthy

Marcella McCarthy (Brasil)

Jornalista americana/brasileira especializada em tech e startups com mestrado em jornalismo pela Medill School na Northwestern University. Cobriu America Latina, Healthtech e Miami para o TechCrunch e foi fundadora e CEO de um startup Americano na área de EdTech. Baseada em Miami.