Opinión - Bloomberg

Não se engane, o balanço patrimonial de US$ 8 tri do Fed vai crescer ainda mais: Lisa Abramowicz

As implicações são significativas: os rendimentos dos títulos do Tesouro provavelmente permanecerão mais baixos e o ciclo de crédito menos volátil

Analistas e economistas estão chegando à conclusão de que as autoridades dos EUA continuarão expandindo lentamente seus balanços
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Bloomberg Opinion — Não espere que o Federal Reserve vá encolher significativamente o seu balanço.

Analistas e economistas estão chegando à conclusão de que as autoridades do banco central dos EUA continuarão expandindo lentamente seu balanço de US$ 8,2 trilhões no futuro próximo, mesmo se a recuperação econômica continuar nos trilhos e eles começarem a reduzir suas compras mensais de títulos de US$ 120 bilhões.

Subadra Rajappa, do Societe Generale, enxerga um aumento de US$ 1 trilhão nos ativos já detidos pelo Fed nos próximos 12 meses, mesmo com uma redução na compra de ativos. Steven Ricchiuto, economista-chefe da Mizuho Securities, afirma esperar que o Fed continue expandindo seus balanços no ritmo do produto interno bruto nominal, mesmo depois de interromper sua última rodada de flexibilização quantitativa.

Parte do motivo é que o Fed já foi derrotado antes nesse sentido. Em 2018, quando começou a permitir que uma pequena parte de sua dívida vencesse sem fazer a rolagem dos títulos, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos subiram para um máximo de 3,24%. Economistas preocupados com um erro na condução da política monetária não fizeram muito alarde porque os núcleos de inflação não estavam muito altos, uma das principais métricas que o Fed segue de perto. Republicanos, incluindo o presidente Donald Trump, acusaram o banco central de motivações políticas.

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Os banqueiros centrais dos EUA reverteram o curso e encerraram o run-off do balanço dois meses antes do planejado. No período de dois anos em que o Fed estava encolhendo seu balanço, seus ativos caíram de cerca de US$ 4,4 trilhões para US$ 3,76 trilhões. Nada particularmente catastrófico resultou disso, mas o movimento teve curta duração e ocorreu em meio a um período economicamente forte. O Fed não quer se lançar desnecessariamente em um novo debate político desse porte para ter pouco ganho.

Enquanto isso, as mãos do banco central estão um pouco mais amarradas do que no passado, porque as taxas já estão muito baixas e não é provável que subam muito, mesmo em uma recuperação econômica acelerada. Isso dá aos membros do Fed menos munição para conter a próxima desaceleração e torna o balanço patrimonial uma ferramenta ainda mais importante do que no passado.

O Fed verá cada vez mais o mercado de Treasuries como uma ferramenta de política monetária, em vez de um pool de títulos livremente negociados que sobem e descem dependendo do volume de dívida do país e da taxa de expansão desses papéis. E os mercados de crédito acompanharão o passeio, especialmente porque os banqueiros centrais mostraram que estão dispostos a incluir as compras de títulos corporativos em seu arsenal de ferramentas para amenizar o impacto nas condições financeiras.

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Portanto, mesmo que cresçam as preocupações sobre quando e como o Fed irá eventualmente começar a reduzir suas compras de ativos, o efeito de qualquer retração será moderado por um balanço patrimonial muito maior nos próximos anos.

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