Wall Street teme não ter a mesma influência com nova governadora

Executivos do alto escalão devem entrar em contato em breve com a vice-governadora, Kathy Hochul, a primeira mulher a comandar o estado

Andrew Cuomo no pregão da NYSE em 2020
Por Mary Biekert - Natalie Wong e Maria Heeter
12 de Agosto, 2021 | 01:39 PM

Bloomberg — Ao longo de uma década, Wall Street aprendeu a se relacionar com o governador de Nova York, Andrew Cuomo, enquanto ele escolhia reguladores e injetava dinheiro em projetos apoiados pelo setor. Agora que sua sucessora se prepara para limpar a casa, executivos estão preocupados: acabará com o status quo?

Nos bastidores, executivos do alto escalão devem entrar em contato em breve com a vice-governadora, Kathy Hochul, de 62 anos, que se tornará a primeira mulher a comandar o estado quando Cuomo deixar o cargo neste mês devido a um escândalo de assédio sexual. Representantes do setor que conhecem Hochul a veem como uma líder estável e competente que não diverge das políticas de Cuomo. Mas sua ascensão ainda assim irá transformar uma década de ordem política estabelecida e relacionamentos, obscurecendo a capacidade de Wall Street de prever o que está por vir.

Hochul disse na quarta-feira, por exemplo, que substituirá todos os funcionários de Cuomo implicados em um relatório do procurador-geral sobre sua conduta, segundo o qual Linda Lacewell, responsável pelo principal órgão de fiscalização financeira do estado, às vezes ajudava o governador a responder a queixas sobre seu comportamento.

De forma mais ampla, representantes de Wall Street se perguntam se a nova governadora concorrerá às eleições em 2022 ou se potencialmente abrirá caminho para que um democrata mais progressista se candidate e ataque a indústria. Hochul respondeu a essa pergunta na quinta-feira, dizendo que pretende concorrer no próximo ano. “Realmente espero”, disse quando perguntada sobre as próximas eleições para governador. Outros querem saber se Hochul dará continuidade a planos apoiados pelo setor, como investimentos polêmicos em infraestrutura e outros projetos em Manhattan.

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“É uma época atípica na política de Nova York, porque por 10, 15 anos, houve uma hierarquia bastante estabelecida”, disse Terry Haines, fundador da consultoria Pangea Policy, em Washington. “Wall Street gosta de certezas, não gosta de incertezas, e esta é uma situação mais incerta do que existia há algum tempo.”

Escolha progressista

Hochul, considerada uma democrata moderada, disse na quarta-feira que apoia as políticas de Cuomo, mas insinuou mudanças no âmbito político, dizendo que está inclinada a nomear alguém mais progressista para seu antigo cargo como vice-governadora.

Não está claro como pode moldar o restante do governo.

Lacewell trabalhou como chefe de gabinete e conselheira antes de Cuomo, de 63 anos, coloca-lá no topo do Departamento de Serviços Financeiros do Estado de Nova York em 2019. O escritório monitora 1.400 bancos e outras instituições financeiras com ativos totalizando mais de US$ 2,9 trilhões, bem como atividades de quase 1.800 seguradoras com US$ 5,5 trilhões.

Em termos gerais, pelo menos, a nova governadora provavelmente tentará não assustar o mundo financeiro, disse Erika Karp, fundadora da Cornerstone Capital e diretora de impacto da Pathstone, uma consultoria para famílias ricas. “Ela é inteligente o suficiente para saber que precisamos de estabilidade.”

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