Volatilidade retorna entre emergentes à espera de sinais do Fed

Embora os níveis absolutos de volatilidade permaneçam baixos, a diferença cada vez maior em relação às oscilações do mercado desenvolvido destaca temores

Volatilidade implícita das moedas dos países em desenvolvimento subindo em relação aos pares do G-7
Por Netty Idayu Ismail
12 de Agosto, 2021 | 11:38 AM

Bloomberg — Traders de câmbio embalados pela calmaria começam a ficar nervosos diante da possibilidade de que agosto faça jus à reputação de um dos meses mais arriscados para mercados emergentes.

Depois de atingir o nível mais baixo em 16 meses em julho, a volatilidade implícita de moedas de países em desenvolvimento sobe em meio à preocupação de que a inflação persistente leve o Federal Reserve a reduzir o estímulo antes do esperado. Embora os níveis absolutos de volatilidade permaneçam baixos, a diferença cada vez maior em relação às oscilações do mercado desenvolvido destaca o temor de que a liquidez possa encolher nos mercados emergentes caso o Fed dê sinais de aperto da política monetária.

Os volumes de negociação normalmente caem em agosto devido ao período de férias, mas, neste ano, uma série de riscos aumenta a típica turbulência. Os fortes dados do relatório do mercado de trabalho dos EUA na semana passada aceleraram mudanças nas apostas de aumento dos juros pelo Fed, e a conferência de Jackson Hole neste mês se tornou foco das expectativas sobre um anúncio de redução do estímulo.

“Haverá muita incerteza no período anterior às próximas duas reuniões do Fed”, disse Henrik Gullberg, estrategista macro em Londres da Coex Partners. A turbulência “vai diminuir assim que os planos de redução (do estímulo) do Fed forem apresentados.”

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O índice MSCI de moedas de países em desenvolvimento fechou agosto com perdas em seis dos últimos 10 anos e aumento da volatilidade em sete deles em meio à menor liquidez. Para moedas como o rand da África do Sul, a lira da Turquia e a rupia da Índia, agosto é historicamente o pior mês do ano, com base na queda média dos últimos cinco anos.

Mais vulneráveis

As decisões de bancos centrais na Turquia, México, Peru e Filipinas podem indicar quais moedas poderiam resistir às pressões do mercado, já que as preocupações sobre os crescentes riscos econômicos da China e a rápida propagação da variante delta estimulam a demanda de investidores por ativos mais seguros.

O banco central filipino manteve a taxa básica em mínima histórica conforme esperado, citando a necessidade de apoiar a recuperação econômica.

Na Turquia, a autoridade monetária também não mexeu nos juros, que foram mantidos em 19%. A necessidade de controlar a inflação deixou pouco espaço para um corte das taxas como esperado pelo presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. A lira ampliou os ganhos após a decisão, mas a volatilidade implícita de um mês da lira ainda caminha para um segundo aumento semanal. Operadores buscam mais garantias do banco central de que não haverá um corte de juros desnecessário.

“Se o Fed agir em direção a uma mentalidade de aperto da política monetária, as reuniões dos bancos centrais de mercados emergentes se tornarão cada vez mais importantes”, disse Paul Greer, gestor da Fidelity International em Londres, que administra cerca de US$ 700 bilhões. “Os países emergentes precisam manter um colchão de yield nominal e real adequado acima dos EUA para reter e atrair fluxos de capital estrangeiro.”

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