Dono do SoftBank planeja investimentos pessoais no Vision Fund

Especialistas em governança alertam que pode haver conflitos de interesse, especialmente quando a empresa tem acionistas em companhias de capital aberto

Líderes empresariais tendem a evitar que interesses financeiros pessoais coincidam com responsabilidades corporativas
Por Pavel Alpeyev e Takahiko Hyuga
10 de Agosto, 2021 | 11:53 AM

Bloomberg — Masayoshi Son disse que planeja fazer investimentos pessoais juntamente com o Vision Fund do SoftBank Group, um passo polêmico que pode levar a conflitos de interesse, já que sua empresa investe em startups de tecnologia.

O bilionário japonês comunicou sua intenção com a divulgação do balanço, explicando que vai começar a coinvestir no Vision Fund 2, um veículo de investimento onde o SoftBank tem sido a única fonte de capital. Son pode investir até US$ 2,6 bilhões e terá participação de 17,25%. O magnata planeja um acordo semelhante com o fundo para a América Latina do SoftBank.

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Líderes empresariais tendem a evitar que interesses financeiros pessoais coincidam com responsabilidades corporativas. Especialistas em governança alertam que pode haver conflitos de interesse, especialmente quando a empresa tem acionistas em companhias de capital aberto. Se, por exemplo, o CEO tem participação pessoal em uma startup, isso pode criar mais pressão para que o Vision Fund garanta que a empresa não afunde.

“Os investidores estavam ansiosos por mais recompras, então esta não é a revelação que esperávamos ver”, disse Kirk Boodry, analista da Redex Research, em Tóquio. “Isso levanta questões de governança corporativa.”

Combinar interesses pessoais com os da empresa já causou polêmica antes. Quando o SoftBank criou a unidade SB Northstar para negociar ações e derivativos, Son assumiu uma participação pessoal de 33% na operação. Analistas e gestores de ativos questionaram por que o bilionário optou por tal estrutura, devido ao potencial para confusão e conflitos.

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Na terça-feira, durante coletiva de imprensa após os resultados, Son defendeu a decisão mais recente. O empresário disse que o conselho do SoftBank aprovou a estrutura, enquanto ele não quis votar.

“Porque eu acredito, quero que a administração compartilhe o risco do investimento”, disse. “Em tempos bons e ruins, uma coisa não muda: minha convicção de que a revolução da IA absolutamente continuará nos próximos 10 a 20 anos.”, disse em referência à inteligência artificial.

A aprovação do conselho não tranquilizou a todos.

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“O conselho pode ter aprovado isso, mas existem diretores que poderiam confrontar Son, fundador e proprietário do SoftBank?” disse Koji Hirai, presidente da consultoria de M&A Assist. “Existe a possibilidade de um conflito aí.”

O fundador explicou que parceiros de empresas de capital de risco normalmente recebem uma comissão de desempenho de 20% a 30%, mas o Vision Fund não tem incentivos semelhantes. O coinvestimento deve fornecer benefícios financeiros, mas incluirá uma desvantagem.

“Vou correr riscos sozinho inicialmente”, disse Son. “Então vou distribuir para outras pessoas da gestão. Queremos que isso continue sendo a cultura do SoftBank.”

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