Caos logístico derruba volume exportado de café em quase 13%

Brasil teve o pior mês de julho desde 2018 em meio à disputa por contêineres e espaço em navios; Receita com as vendas externas cresceu 5,6% diante da valorização dos preços

Preço médio do café exportado em julho subiu 21%, mas dificuldades logísticas limitaram os embarques no mês passado
10 de Agosto, 2021 | 05:21 PM

São Paulo — As exportações brasileiras de café recuaram 12,8% em julho em comparação ao mesmo período de 2020. No mês passado, foram embarcadas 2,82 milhões de sacas, entre o grão verde e o produto industrializado. Esse foi o pior mês de julho em volume exportado desde 2018.

Apesar do volume menor, os altos preços do café no mercado internacional fizeram com que a receita das exportações aumentasse. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostram que os embarques renderam ao país US$ 402,66 milhões, desempenho 5,6% superior ao registrado em julho do ano passado.

Na prática, o preço médio do café brasileiro exportado no mês passado foi 21% maior do que julho de 2020. Enquanto no ano passado, o valor médio da saca embarcada valia US$ 117,59, neste ano o preço foi de US$ 142,47 por saca.

Entraves logísticos

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Com preços atrativos, o resultado foi considerado frustrante. Os exportadores ainda sentem os efeitos do aumento das cotações do frete, entraves no transporte marítimo, cancelamento de reservas, dificuldades para novos agendamentos, disputa por contêineres e por espaço nos navios por conta do aquecimento da demanda por alimentos e eletrônicos, em especial na Ásia e Estados Unidos.

“O café brasileiro segue em disputa para conquistar espaço nos navios e ser embarcado no momento correto. Os atrasos geram desgaste operacional sem precedentes aos exportadores e uma sobrecarga financeira derivada de não haver fluxo de caixa planejado para esse cenário inimaginável”, disse o presidente do Cecafé, Nicolas Rueda.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.