BTG Pactual vê tendência de crescimento de receitas do segmento de gestão de fortunas

CFO João Dantas, destaca o potencial do varejo de alta renda para resultados do banco, que reportou o maior lucro trimestral de sua história

BTG Pactual reporta resultado robusto no segundo trimestre, impulsionado por aumento de receitas em segmentos como a gestão de ativos e de fortunas
10 de Agosto, 2021 | 05:06 PM

São Paulo — O BTG Pactual, que divulgou hoje o maior lucro trimestral de sua história, aposta que o segmento de gestão de fortunas deve seguir com tendência de crescimento de receitas, contribuindo positivamente para os próximos resultados financeiros do banco.

“A gestão de fortuna continua forte no Brasil e em todo o mundo. A renda tem tendência de concentração. Isso tem ajudado no crescimento desse mercado. As receitas serão crescentes”, comentou o CFO do BTG Pactual, João Dantas, em entrevista coletiva com jornalistas por telefone para comentar o resultados do segundo trimestre.

A performance do segmento de “wealth management” foi um dos destaques captados por quem buscou entender como o banco chegou ao lucro líquido recorrente de R$ 1,7 bilhão no segundo trimestre (alta de 74,2% na variação anual), acima das estimativas do mercado.

“A surpresa positiva foi impulsionada principalmente por receitas mais fortes (+34,1%), devido a resultados impressionantes em banco de investimento, empréstimos corporativos, tesouraria, gestão de fortunas e participações. Enquanto isso, a gestão de ativos e a gestão de fortunas registraram recorde de novos recursos de R$ 44 bilhões e R$ 54 bilhões, respectivamente”, escreveu a analista Maria Clara Negrão, do Bradesco BBI, em nota aos clientes.

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IPO

Para o CFO, o banco se diferencia da concorrência porque também origina oportunidades de negócios aos seus clientes. O BTG Pactual tem sido, por exemplo, bastante atuante em coordenar operações de ofertas iniciais de ações (IPOs) e tem notado, neste ano, o maior interesse de investidores institucionais estrangeiros em papéis de empresas brasileiras, na comparação com a demanda verificada antes da pandemia da Covid-19, quando gestoras de recursos (assets) e fundos de pensão locais apresentavam maior apetite por esse tipo de oferta.

“Não tenho visibilidade se isso [maior demanda dos estrangeiros por IPOs no Brasil] vai continuar ou se deteriorar por alguma razão”, ressalvou Dantas, que evita fazer projeções gerais ou pontuais sobre os próximos resultados, acrescentando, no entanto, que a “boa safra” de IPOs pode continuar diante dos movimentos de consolidação de setores, reorganização de players e de criação de oportunidades para a expansão dos negócios dos empreendedores.

Mesmo adotando um tom de cautela com o cenário de curto prazo, o executivo reconhece um ambiente recorrente de resiliência em relação ao empresariado da América Latina neste segundo ano de crise sanitária, apesar da proliferação de ruídos político e preocupações fiscais e monetárias em praticamente toda a região.

“O setor privado na América Latina está funcionando. Os empresários estão sabendo navegar neste momento, acreditando no crescimento e no mercado de capitais”, avaliou Dantas.

PME

O varejo de alta renda deve merecer cada vez mais atenção e esforços do BTG Pactual, que tem oferecido soluções digitais a essa clientela mais exigente quanto à qualidade dos serviços e aos retornos proporcionados pelas aplicações e produtos financeiros. “A gente aposta em atendimento, proximidade com o cliente, que não é atendido por um robô”.

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Quanto ao segmento de Pequenas e Médias Empresas (PME), o CFO destaca a baixa inadimplência desses clientes (que acessam linhas de crédito de prazos mais curtos, de 30, 60 ou 90 dias) e o potencial para o banco de ampliar sua participação nesse grupo, ainda mal atendido pelo sistema bancário brasileiro, na sua avaliação. “A inadimplência para PME é muito pequena, quase zero”, diz Dantas, estimando que a participação de PME na carteira total de crédito cresça de 16% a 20%.

O ciclo de altas da taxa Selic, projetada pelo último boletim Focus para terminar o ano a 7,25%, não preocupa o BTG Pactual. “A alta de juros já está precificada”, considera o CFO, acrescentando que o patamar do juro real da economia brasileira ainda está em um patamar baixo e que a busca por maior rentabilidade deve permanecer.

“A classe média tem poupado, tem aumentado sua capacidade de poupança. Isso leva a um ambiente econômico saudável”, avalia.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.