Ata do Copom: delta pressiona recuperação, projeções de inflação seguem em alta

Documento da última reunião de política monetária do Banco Central prevê nova elevação da taxa básica de juros (Selic) em setembro

Membros preveem nova alta da taxa Selic em setembro
10 de Agosto, 2021 | 08:25 AM

São Paulo — A evolução da variante delta da Covid-19 adiciona risco à recuperação da economia global e, a despeito dos movimentos recentes nas curvas de juros, ainda há risco relevante de aumento da inflação nas economias centrais, escreveram os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na ata da última reunião, divulgada nesta terça-feira (10). Segundo eles, a assimetria do balanço de riscos no país o justificou a alta de 1% da taxa básica de juros (Selic) e prevê outro ajuste da mesma magnitude na próxima, em setembro.

  • Segundo o texto, ainda assim, o ambiente para países emergentes segue favorável com os estímulos monetários de longa duração, os programas fiscais e a reabertura das principais economias.
  • Em relação à atividade econômica brasileira, os membros escreveram que indicadores recentes “continuam mostrando evolução positiva e não ensejam mudança relevante para o cenário prospectivo, o qual contempla recuperação robusta do crescimento econômico ao longo do segundo semestre”.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE? Na última quarta-feira (4), o BC acelerou a dose de aperto nos juros e levou a taxa Selic de 4,25% para 5,25% ao ano com o objetivo de tentar conter a alta de preços que se espalha pela economia e ameaça romper a meta de inflação de 3,5% em 2022. Foi a maior alta de juros feita pela autoridade monetária de uma só vez desde 2003.

  • Segundo a ata de hoje, “as diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, ou seja, o comitê segue vendo preços pressionados no Brasil e no mundo.
  • Eles também avaliaram que, embora a ociosidade como um todo evolua rapidamente para retornar ao nível do fim de 2019, a pandemia “ainda segue produzindo efeitos heterogêneos sobre os setores econômicos e, em particular, sobre o mercado de trabalho”, com consequências para a dinâmica recente e prospectiva da inflação.

Assim, escrevem, considerando também que os riscos fiscais continuam implicando um viés de alta nas projeções de inflação, a assimetria no balanço de riscos “afeta o grau apropriado de estímulo monetário, justificando assim uma trajetória para a política monetária mais contracionista do que a utilizada no cenário básico”.

Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.