São Paulo — A baixa disponibilidade de matéria-prima para produção de defensivos agrícolas e a alta do dólar sobre o real devem fazer com que os preços dos defensivos agrícolas fiquem mais caros aos produtores para a safra que começa a ser plantada em outubro deste ano. O alerta é das próprias indústrias, que relatam custo de aquisição de alguns ingredientes até 50% maiores neste ano e um aumento superior a 60% nos transportes.
“Os produtores ainda não sentiram a alta dos preços porque acreditamos que havia um estoque maior do que o previsto, mas o efeito da alta das matérias-primas começará a ser sentido a partir de agora”, afirma Júlio Borges Garcia, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
Ele lembra que, no ano passado, as indústrias sofreram com uma perda no valor dos produtos por conta do descasamento entre a expectativa e a realidade com o câmbio. Entre outubro e novembro de 2020, as indústrias negociaram com os distribuidores os produtos que seriam vendidos ao longo do primeiro trimestre de 2021, projetando um dólar entre R$ 4,80 e R$ 4,90. Na prática, a moeda americana oscilou entre R$ 5,30 e R$ 5,50.
Apesar dos custos mais elevados para os próximos meses, o segundo trimestre do ano foi positivo para o setor. Entre abril e junho, a área tratada com defensivos agrícolas somou 175,2 milhões de hectares, desempenho 12,3% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
Para cobrir toda a área tratada, foram utilizados entre abril e junho 113,3 mil toneladas de produtos, volume 11,1% superior ao registrado no mesmo período de 2020. Entre os principais segmentos, as indústrias registraram um crescimento de 25% no uso de fungicidas, para 21,9 mil toneladas, de 10% no uso de herbicidas, para 41,7 mil toneladas e de 8% de inseticidas, para 35,6 mil toneladas.
“O segundo trimestre é marcado pelo clima de outono e início do inverno, com tempo seco e mais ameno do Centro-Oeste ao Sul, mas ainda quente no Nordeste. A falta de chuvas é um desafio constante para as culturas”, afirma Júlio Borges Garcia, presidente do Sindiveg.