BC acelera aperto nos juros e leva Selic a 5,25%

Para a próxima reunião, o Copom prevê um outro ajuste da mesma magnitude para segurar aumento de preços

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O Banco Central acelerou a dose de aperto nos juros e levou a taxa Selic de 4,25% para 5,25% ao ano com o objetivo de tentar conter a alta de preços que se espalha pela economia e ameaça romper a meta de inflação de 3,5% em 2022. Foi a maior alta de juros feita pela autoridade monetária de uma só vez desde 2003, quando o Banco Central do governo Lula era liderado por Henrique Meirelles. Nas últimas três reuniões, o Copom (Comitê de Política Monetária) havia elevado a Selic em 0,75 ponto percentual.

A decisão era amplamente esperada pelos economistas do mercado financeiro e de consultorias econômicas. O consenso Bloomberg de economistas, que contava hoje com a participação de 42 analistas, apontava estimativa mediana de 5,25% para a Selic em agosto. Para o final de 2021, a previsão dos economista é de Selic em 7% ao ano, segundo o último Boletim Focus.

Para a próxima reunião, o Copom prevê um outro ajuste da mesma magnitude. “O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, informou em comunicado.

Inflação persistente

Desde a divulgação do IPCA-15, no último dia 22 de julho, os analistas passaram a prever um aumento maior nos juros neste mês. O IPCA-15 de julho registrou inflação de 0,72%, a maior variação para esse mês desde 2004.

Os aumentos nos preços começaram com os alimentos, ganharam impulso com o impacto da seca no custo de energia e se espalham para o setor de serviços com a reabertura da economia no pós-pandemia.

No comunicado, o BC reconhece que a “inflação ao consumidor continua se revelando persistente”. “Os últimos indicadores divulgados mostram composição mais desfavorável. Destacam-se a surpresa com o componente subjacente da inflação de serviços e a continuidade da pressão sobre bens industriais, causando elevação dos núcleos. Além disso, há novas pressões em componentes voláteis, como a possível elevação do adicional da bandeira tarifária e os novos aumentos nos preços de alimentos, ambos decorrentes de condições climáticas adversas. Em conjunto, esses fatores acarretam revisão significativa das projeções de curto prazo”, afirmou no comunicado.