BC acelera aperto nos juros e leva Selic a 5,25%

Para a próxima reunião, o Copom prevê um outro ajuste da mesma magnitude para segurar aumento de preços

Fachada do Banco Central do Brasil, Brasília.
04 de Agosto, 2021 | 06:46 PM

O Banco Central acelerou a dose de aperto nos juros e levou a taxa Selic de 4,25% para 5,25% ao ano com o objetivo de tentar conter a alta de preços que se espalha pela economia e ameaça romper a meta de inflação de 3,5% em 2022. Foi a maior alta de juros feita pela autoridade monetária de uma só vez desde 2003, quando o Banco Central do governo Lula era liderado por Henrique Meirelles. Nas últimas três reuniões, o Copom (Comitê de Política Monetária) havia elevado a Selic em 0,75 ponto percentual.

A decisão era amplamente esperada pelos economistas do mercado financeiro e de consultorias econômicas. O consenso Bloomberg de economistas, que contava hoje com a participação de 42 analistas, apontava estimativa mediana de 5,25% para a Selic em agosto. Para o final de 2021, a previsão dos economista é de Selic em 7% ao ano, segundo o último Boletim Focus.

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Para a próxima reunião, o Copom prevê um outro ajuste da mesma magnitude. “O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, informou em comunicado.

Inflação persistente

Desde a divulgação do IPCA-15, no último dia 22 de julho, os analistas passaram a prever um aumento maior nos juros neste mês. O IPCA-15 de julho registrou inflação de 0,72%, a maior variação para esse mês desde 2004.

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Os aumentos nos preços começaram com os alimentos, ganharam impulso com o impacto da seca no custo de energia e se espalham para o setor de serviços com a reabertura da economia no pós-pandemia.

No comunicado, o BC reconhece que a “inflação ao consumidor continua se revelando persistente”. “Os últimos indicadores divulgados mostram composição mais desfavorável. Destacam-se a surpresa com o componente subjacente da inflação de serviços e a continuidade da pressão sobre bens industriais, causando elevação dos núcleos. Além disso, há novas pressões em componentes voláteis, como a possível elevação do adicional da bandeira tarifária e os novos aumentos nos preços de alimentos, ambos decorrentes de condições climáticas adversas. Em conjunto, esses fatores acarretam revisão significativa das projeções de curto prazo”, afirmou no comunicado.


Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.