Miami — Moises, o aplicativo de música que permite que usuários separem partes de uma música (por exemplo: vocal, baixo, bateria e guitarra), anunciou hoje que arrecadou US$ 1,6 milhão em uma rodada de investimentos. O aplicativo, criado por um empreendedor brasileiro que vive em Utah, não arrecadou mais dinheiro porque já é lucrativo, declarou Geraldo Ramos, CEO e cofundador da Moises. Os outros dois cofundadores também são brasileiros.
O Moises é uma plataforma de tecnologia musical que oferece a músicos e produtores um conjunto de ferramentas de IA, como separação de áudio, detecção de tom/batidas/acordes, metrônomo, modificador de ritmo e masterização.
“Eu tinha um estúdio [de música] no Brasil; sempre trabalhei com tecnologia, mas também tocava música”, disse Ramos. “Sempre quis poder remover a faixa da bateria de uma música para tocar a minha bateria no lugar. Mas nem sempre era possível”, acrescentou. A necessidade de separar as partes de uma música existe há muito tempo, segundo Ramos, mas tem sido um caminho árduo a ser seguido.
Ramos é natural de Recife e abriu sua primeira empresa, uma empresa de hospedagem de sites na web, aos 16 anos, vendendo-a aos 26 anos. Então, ele montou uma empresa de desenvolvimento, que o levou para Nova York em 2012 porque o negócio começou a conquistar clientes nos EUA. Essa empresa de desenvolvimento gerou uma cisão chamada HackHands, uma plataforma de mentoria de tecnologia on-line para programadores e codificadores, adquirida em 2015 pela Pluralsight em Utah. Ramos se mudou para Utah para continuar com a empresa. Desde então, ele deixou a Pluralsight e, em dezembro de 2020, lançou a Moises, sua quarta empresa, na qual agora trabalha em tempo integral. De acordo com Ramos, desde o lançamento, a receita cresceu mais de 450%.
O Moises, que na última semana ficou em segundo lugar na lista de aplicativos de música na App Store dos EUA (atrás do Spotify) e em primeiro lugar no Japão (na frente do Amazon Music e do Spotify), tem mais de 1,5 milhão de usuários ativos mensais. O aplicativo está disponível em mais de 200 países e 18 idiomas. Nos EUA, o aplicativo custa US$ 3,99 por mês, e, no Brasil, custa R$ 16 por mês. Ramos reconhece que o aplicativo é caro para o Brasil e afirmou que estão tentando tornar o preço mais “realista”.
A Moises tem 28 funcionários em tempo integral. A equipe de gestão, incluindo o diretor técnico, que não é um cofundador, mora nos EUA, enquanto todos os demais vivem no Brasil. “Nós acolhemos o trabalho remoto e assíncrono”, disse Ramos. As receitas atuais, embora não reveladas, são suficientes para pagar o salário de todos, segundo Ramos.
A rodada teve excesso de inscrições, mas a equipe da Moises se concentrou em arrecadar apenas a quantia necessária de forma a não diluir a empresa, e os recursos serão utilizados em iniciativas de marketing e aquisição de clientes, que geralmente são caras, mas necessárias para o crescimento.
A rodada foi liderada pelo Kickstart Fund, com participação da Valutia, Index Ventures Scout e da Verve Capital, que tem como foco empresas no Brasil e nos EUA.