Com lucro recorde, Pague Menos espera concluir aquisição da Extrafarma no 1º tri de 2022

CFO da rede, Luiz Novais, descarta follow on e captação para pagar por Grupo Ultra, mas estuda tomada de empréstimo para rolagem de parte da atual dívida no próximo ano

Pague Menos tem 1.100 farmácias espalhadas pelo Brasil, com maior presença nos estados do Norte e Nordeste
03 de Agosto, 2021 | 04:05 PM

São Paulo — A rede de varejo farmacêutico Pague Menos, que divulgou o maior lucro trimestral da história no segundo trimestre, prevê obter no início de 2022 o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) à compra da rival Extrafarma. O negócio de R$ 700 milhões com o Grupo Ultra, anunciado em maio, deve ser pago em três parcelas, com uso dos recursos do próprio caixa e das sinergias capturadas com a transação.

“Parte do pagamento da aquisição será também financiada com a própria geração de caixa da operação da Extrafarma ao longo desses próximos três anos. A gente não precisa fazer captações para financiar a aquisição. Devemos fazer captações somente para rolar a dívida atual da companhia”, disse Luiz Novais, CFO da Pague Menos, em entrevista à Bloomberg Línea.

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Segundo ele, hoje a companhia tem uma dívida bruta próxima de R$ 800 milhões, e uma líquida perto de R$ 400 milhões. “Um pedaço dessa dívida vence agora em 2022. Devemos fazer uma tomada só para trocar e refinanciar essa dívida, mas não novas tomadas de recursos para financiar a aquisição”, afirmou.

Segundo ele, não foi ainda definido o tipo de empréstimo para essa rolagem nem o banco contratado para a operação. “Estamos estudando ainda alternativas de captação”.

Sobre a previsão de que o Cade aprove a aquisição da Extrafarma no primeiro trimestre do ano que vem, o CFO explica que a projeção se sustenta pelo tempo médio de operações similares (de seis a 12 meses) em tramitação no órgão, indicada por sua assessoria jurídica. O cronograma da Pague Menos para a aquisição prevê protocolar o processo de incorporação da Extrafarma no Cade ainda neste mês e a realização da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para ratificar a operação no mês que vem.

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Market share

A conclusão do negócio é importante para a Pague Menos, pois ela poderá apresentar ao mercado um salto no market share do setor, que fechou o primeiro semestre em 5,4% do mercado nacional, abaixo dos 5,7% de igual período do ano passado. A Pague Menos atribui essa redução ao “saneamento do portfólio”.

Hoje a companhia tem 1.100 lojas, sendo que, entre 2016 e 2019, foram abertas 500 unidades em regiões onde a companhia tinha menor “know how”, mas com fechamento de outras 170 lojas.

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A pandemia da Covid-19 contribuiu, segundo Novais, para a queda de participação devido ao comportamento do consumidor, identificado pela empresa, de preferir realizar suas compras em farmácias de bairros mais afastados do centro, sem a necessidade de deslocamento.

Com a incorporação da Extrafarma, a Pague Menos projeta alcançar 7% de market share e, segundo o CFO, deve interromper a redução desse indicador entre o fim deste ano e 2022, já que voltou a inaugurar lojas (mais sete, desde julho). Nas regiões de maior atuação, a previsão é aumentar a participação de 18% para 23% no Nordeste e de 10% para 20% no Norte.

Pandemia

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Sobre a evolução da pandemia, o CFO diz que há uma tendência de queda na demanda dos testes de detecção da Covid-19, que os picos de vendas foram no fim do ano passado e no primeiro trimestre de 2021. A Pague Menos, uma das primeiras a ofertar o produto no país (desde a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, em abril de 2020), já aplicou cerca de 600 mil testes, com receita mensal estimada entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões com as vendas desses testes rápidos, representando 3% do seu faturamento total.

Novais lembrou que a companhia fez parcerias com governos, como o de São Paulo, para usar suas unidades como ponto de vacinação contra a Covid-19, como já havia feito com a vacina contra a H1N1, e que a companhia aposta, desde 2016, no modelo de farmácia como o primeiro ponto de atendimento de saúde. Hoje a companhia oferta 47 serviços, que vão da realização de testes de DNA para bebês à medição de glicemia.

Ações

A Pague Menos estreou na B3 em setembro do ano passado. Sobre a necessidade de aumento do “free float” (indicador que mostra o percentual de ações que uma empresa possui em livre circulação na Bolsa), o CFO reconhece que a liquidez da PGMN3 é pequena na comparação com papéis de outras varejistas e que os acionistas controladores estão cientes do assunto.

Por enquanto, a companhia não estuda realizar nenhum “follow on” (oferta secundária, em que sócios vendem ações no mercado) e que vai permanecer listada no Novo Mercado da B3 e apostando na agenda ESG (sigla em inglês para melhores práticas ambientais, sociais e de governança), estudando, por exemplo, uma futura adesão ao ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), índice da B3 que vai renovar a carteira em janeiro próximo, após análise da situação ESG das 200 empresas mais negociadas no pregão. “Nos últimos 5 anos, evoluímos para um patamar de excelência em governança”, diz Novais.

Lucro

A Pague Menos registrou um lucro líquido de R$ 69,356 milhões no segundo trimestre, bem acima dos R$ 9,143 milhões de igual período do ano passado. O CFO cita o lucro líquido ajustado de R$ 71,6 milhões, excluindo despesas não recorrentes (R$ 2,2 milhões) referentes à aquisição da Extrafarma, como a contratação de assessorias e outros custos de uma operação de M&A. Foi o maior resultado trimestral da história da empresa fundada em 1981 pelo empresário Deusmar Queirós em Fortaleza (CE).

“Os resultados evidenciam o salto no nível de rentabilidade alcançado pela empresa nos últimos trimestres. E os indicadores operacionais revelam nosso crescimento consistente alicerçado por operações e processos cada vez mais eficientes, centrados no cliente”, afirma Mário Queirós, CEO da Pague Menos e filho do fundador.



Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.