São Paulo — A ação da prestadora de serviços marítimos OceanPact, sediada no Rio de Janeiro e que estreou na B3 em fevereiro, fechou nesta segunda em baixa de 1,75%, cotada a R$ 4,51, acumulando desvalorização de 59,55% desde sua abertura de capital. Quando foi precificada no IPO, o papel saiu a R$ 11,15 e, de lá para cá, já atingiu cotação mínima de R$ 4,39.
Nesta segunda, a corretora Ágora, do Bradesco, reduziu sua recomendação e preço-alvo (potencial) para o papel, citando uma “maior percepção de risco de governança”.
Os analistas Vicente Falanga e Ricardo França comentaram a notícia do fechamento de um acordo coletivo de trabalho entre a companhia com o Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar) abrangendo os oficiais e eletricistas que trabalham em suas embarcações.
O acordo confere aos trabalhadores um reajuste anual correspondente a 36,28% entre fevereiro de 2016 e janeiro de 2021, retroagindo a fevereiro de 2021.
“Após a notícia inesperada sobre o acordo trabalhista, passamos a semana passada fazendo uma ampla gama de verificações com nossas fontes setoriais e um exame completo sobre o assunto. Concluímos que as pressões para uma negociação coletiva considerável começaram desde o final de 2020. Também soubemos que, dada esta situação, os pares da OceanPact de forma conservadora decidiram registrar provisões para o assunto (desde 2016), em nossa opinião, uma ‘melhor prática’ para informar/evitar surpresas negativas para os acionistas”, escrevem em relatório.
Governança
A redução do preço-alvo para R$ 5,50 e da recomendação para “neutra” é resultado da nova avaliação feita pelos analistas sobre a companhia.
“À luz da série de eventos, estamos ajustando nossa abordagem de avaliação para OceanPact. Procurando descontos multissetoriais para pares com uma maior percepção de risco de governança, agora achamos que a Oceanpact deve negociar com um desconto de cerca de 30% no múltiplo EV/EBITDA 2022 em comparação com a Tidewater, que é negociada a 6,5x”, justificaram.
O comentário dos analistas reconhece, no entanto, que a companhia é um “negócio sólido”. “Por baixo de tudo, reconhecemos que existe um negócio sólido e a avaliação pode parecer tentadora. No entanto, enquanto a capacidade de execução da empresa permanece intacta, no médio prazo, o desempenho das ações deve ser limitado por um múltiplo inferior. Assim, reduzimos nossa recomendação para Neutra”, concluem.
Leblon Equities
No último domingo, a OceanPact informou à CVM que fundos de investimentos da gestora carioca Leblon Equities, dirigida por Pedro Chermont e Bruno Pereira, adquiriram 10.001.900 ações ordinárias da companhia, o que representa uma participação superior a 5% do capital, posição comunicada em correspondência à empresa e divulgada ao mercado.
“Informamos que a aquisição foi realizada dentro da política de investimento dos fundos, com objetivo de gerar retorno de longo prazo aos seus cotistas, não havendo a intenção de alterar a composição do controle, a estrutura administrativa e/ou atingir uma quantidade específica de ações da companhia”, esclareceram os dois diretores da Leblon Equities.