São Paulo — O presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcelo Brito, disse hoje que o último relatório de monitoramento da imagem do Brasil no exterior indica que a percepção negativa do país está se consolidando. Segundo ele, chegou-se a um ponto entre uma crise dependente de ações emergenciais e uma crise com resgate de ações de terceiros. “Ou seja, estamos quase chegando ao ponto onde sozinhos não poderemos facilmente inverter essa curva”, disse Brito, durante a abertura do Congresso Brasileiro do Agronegócio.
Para ele, o resgate da imagem do Brasil passa por um trabalho interno, que se inicia dentro do próprio setor produtivo, em meio ao nono ano de crescimento consecutivo do desmatamento ilegal no Brasil. “Se por um longo período nosso setor se levantou e ainda se levanta para enfrentar as ameaças de invasão ilegais de terra, não podemos mais ficar calados à grilagem de terras públicas na Amazônia, processo que dá início à insanidade do desmatamento ilegal e suas perversas consequências sociais, econômicas e e ambientais”, disse.
Não podemos mais ver isso sob um silêncio ensurdecedor, que por vezes soa como omissão
Marcelo Brito, presidente da Abag
Com o mea-culpa por parte do setor, Brito cobrou empenho do Estado, nas esferas do Executivo, Legislativo e até Judiciário. “Chamamos a responsabilidade mútua do Governo Federal, Estaduais, da Justiça, que através de sua lentidão alimenta a impunidade, à parte do Legislativo, que, a todo tempo tenta alterar o código florestal e a nós, cidadãos de bens deste país que temos feito do silêncio a nossa cumplicidade”, disse.
Contudo, ele diz que o monitoramento também aponta para aspectos positivos, como o reconhecimento entre a distância existente entre a produção agrícola nacional e a questão amazônica. “Uma lembrança aos colegas da pecuária ainda não vislumbramos isso na pecuária. Ainda temos muito trabalho a fazer”.