Bloomberg — A Nissan Motor pretende aumentar a porcentagem de mulheres em cargos de gestão até 2023 a um nível que seria destaque na indústria automotiva do Japão, tradicionalmente dominada por homens. Ainda assim, o diretor de sustentabilidade disse que há muito espaço para melhora.
A montadora informou nesta sexta-feira que planeja elevar a parcela de gerentes do sexo feminino em suas operações no Japão de aproximadamente 10% atualmente para 13% em 2023. Globalmente, a companhia sediada em Yokohama quer 16% de mulheres gerentes naquele ano.
Os números podem parecer pequenos, mas são relativamente ambiciosos no Japão. Apesar das iniciativas do governo para aumentar a parcela de trabalhadoras e mulheres em cargos de gestão para 30% até 2020, menos de 8% dos cargos gerenciais no país eram ocupados por mulheres no ano passado.
A diferença é ainda maior quando se trata da conservadora indústria automotiva, onde os homens predominam.
Entre as companhias industriais japonesas com pelo menos 1.000 funcionários, 4,7% dos gestores são do sexo feminino, de acordo com o Ministério do Trabalho. Em 2018, as mulheres representavam menos de 2% dos gerentes na Toyota Motor e na Honda Motor.
A Nissan atribui o fortalecimento da diversidade a sua aliança com a francesa Renault e começou a promover a igualdade de gênero em 2004 — cerca de uma década antes das rivais. Hoje, a vice-presidente executiva Asako Hoshino se destaca como a mulher de maior cargo em se tratando de promoções internas na indústria automotiva japonesa.
O diretor de sustentabilidade da Nissan, Joji Tagawa, garante que não está satisfeito: “A meta para 2023 é ousada e forte o suficiente? Ainda não”, disse ele durante uma entrevista coletiva na sexta-feira.
As metas da Nissan são baixas em comparação com os padrões internacionais. Globalmente, a porcentagem de mulheres em cargos de alta gestão atingiu 29% em 2020, de acordo com a Catalyst, organização sem fins lucrativos que acompanha a questão de gênero no mundo dos negócios. Entre os 12 membros do conselho da Nissan, há apenas duas mulheres.
“Nosso objetivo é eliminar a desigualdade e a discriminação. Temos muito espaço para melhorias”, disse Tagawa. A Nissan atualmente oferece diversos sistemas de apoio às funcionárias, incluindo creche na sede e em várias outras unidades no Japão, além de políticas que acomodam atividades como buscar crianças na escola, de acordo com um porta-voz.
“Não se trata apenas de atingir metas”, disse Tagawa. Embora representem uma parcela pequena dos executivos do setor automotivo em todo o mundo, as mulheres influenciam mais de 85% de todas as compras de veículos em mercados como o dos EUA, segundo pesquisas recentes.
“Mães, esposas e filhas trazem informações para as decisões de compra de automóveis”, disse Tagawa. Aumentar a diversidade na gestão vai “melhorar o valor da marca Nissan”, afirmou ele.
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