Gol reduz otimismo com temporada de verão e corta previsão sobre aeronaves no fim do ano

Após prejuízo bilionário no trimestre, companhia refaz contas e trabalha com perspectivas menos positivas para a retomada da demanda

Gol prevê usar menos aeronaves na próxima temporada de verão do que anteriormente projetado
29 de Julho, 2021 | 04:02 PM

São Paulo — O avanço da vacinação contra a Covid-19 ainda é insuficiente para lotar todos os aviões e melhorar substancialmente as perspectivas de curto prazo para o setor aéreo. É o que mostra o resultado financeiro da Gol, que reportou hoje um prejuízo de R$ 1,2 bilhão no segundo trimestre deste ano. A companhia também refez suas previsões para a próxima temporada de verão: antes esperava operar 110 aeronaves no fim do segundo semestre. Agora, projeta um número menor de aviões no ar (102).

A perspectiva para a receita deste semestre também sofreu alteração. Era projetado um aumento de 100% na comparação com o segundo semestre de 2020. Agora, a Gol só espera uma alta de 85%. O endividamento também tende a ser maior no fim de dezembro. A Gol espera dívida líquida ajustada de R$ 15,3 bilhões (antes a estimada era menor, de R$ 14,8 bilhões). A liquidez (dinheiro em caixa disponível) deve diminuir de R$ 4,5 bilhões (antes estimado) para R$ 4,2 bilhões.

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Apesar desses ajustes em suas previsões, a companhia tenta manter o otimismo vinculando sua performance ao aumento da população vacinada contra a Covid-19.

“A retomada operacional iniciada em meados do segundo trimestre deve seguir em ritmo crescente à medida que a imunização da população se intensifica”, diz a empresa no fato relevante.

A situação desafiante para a Gol espelha o diagnóstico negativo do setor mundialmente. Dados da International Air Transport Association (IATA) apontam que a demanda internacional por transporte aéreo caiu 81% em junho e 67% no primeiro semestre, em comparação com os níveis de 2019, enquanto a demanda por voos domésticos recuou 22% em junho, também em relação a junho de 2019.

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“O setor de aviação ainda não se recuperou da pandemia, e esse cenário é ainda pior para as viagens internacionais”, avaliou, hoje, a corretora Ágora, do Bradesco, em nota assinada pelos analistas Victor Mizusaki e Wellington Lourenço sobre os números da IATA.

Voos internacionais

O resultado trimestral da Gol também trouxe dados positivos. “Destacamos a capacidade de gerenciamento financeiro da companhia mesmo diante de dados operacionais ainda negativos”, citou o analista Ilan Arbertman, em relatório da Ativa Investimentos.

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A recuperação da demanda nos próximos meses, se confirmada, poderá trazer um certo alívio. “Além da melhora operacional apresentada em junho, companhia expôs que sua expectativa é que demanda de negócios (anteriormente responsável por metade de sua demanda), retome maior tração a partir do trimestre de 2022. A partir do final do ano, Gol retornará voos internacionais para América do Sul, Caribe e EUA”, escreveu.

Arbertman destacou ainda que, no segundo semestre de ano, as vendas de passagens e capacidade podem avançar até 35% e 46%, respectivamente, frente ao segundo semestre do ano passado.

Na B3, a ação da GOL chegou a subir hoje 2,10%, na máxima de R$ 22,36, depois trocou sinal, passando a cair até 2,69%, na mínima de R$ 21,31. No acumulado de 12 meses, o papel ainda registra valorização acima de 12%, com máxima de R$ 29,03 e mínima de R$ 15,35 no período.


Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.