Protera, startup de proteína alternativa, recebe US$ 10 milhões em financiamento da Série A

Empresa, que busca desenvolver substitutos naturais para conservantes químicos para alimentos, deve lançar seu produto em alguns anos

A empresa desenvolve proteínas à base de plantas que imitam proteínas naturais para substituir conservantes químicos para alimentos
Por Marcella McCarthy (Brasil)
28 de Julho, 2021 | 07:36 AM

Miami — A maioria dos alimentos nas prateleiras do supermercado deve continuar fresca por mais de um dia para que possamos consumi-la. Contudo, à medida que as demandas dos consumidores por alimentos limpos aumentam, pelo menos um desafio permanece: Quais conservantes podem ser utilizados para manter os alimentos frescos e preservar sua natureza limpa?

Para os leigos em alimentos limpos, o termo “limpos” se refere a alimentos que não incluem ingredientes artificiais. O conceito normalmente está relacionado a alimentos frescos, como comida caseira, pois nesse caso não há adição de conservantes. Porém, entre a fabricação, o transporte e o armazenamento nos supermercados, é difícil fazer os alimentos chegarem aos consumidores antes que estraguem.

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Os investidores apostam que Leanardo Alvarez, engenheiro de biotecnologia do Chile, possa resolver esse problema. Alvarez é o fundador e CEO da Protera, que hoje anunciou uma rodada de financiamento da Série A de US$ 10 milhões, levando seu financiamento total até o momento para US$ 12,4 milhões. A empresa foi fundada em 2015 em Santiago, no Chile, e a Protera Guard, seu primeiro produto, ainda não está disponível no mercado livre.

Com sede atual no Chile e na França, a empresa utiliza IA para projetar e desenvolver novas proteínas à base de plantas para substituir os ingredientes químicos prejudiciais dos alimentos e preservar o prazo de validade dos alimentos sem comprometer seu sabor ou sua textura. A empresa desenvolveu uma proteína que promete manter os alimentos frescos por 30 dias, ao passo que outros conservantes limpos oferecem cerca de sete a 15 dias de frescor. Suas contrapartes sintéticas oferecem apenas cerca de 15 dias de frescor.

“Percebemos que as grandes empresas de alimentos buscavam alternativas a aditivos alimentares, mais especificamente conservantes. O desafio é que consumidores desejam rótulos que incluam produtos limpos, mas as alternativas oferecidas não proporcionavam um grande prazo de validade”, disse Alvarez à Bloomberg Línea. “A Protera Gaurd é uma proteína, portanto pode ser digerida e não apresenta efeitos negativos sobre a saúde humana”, acrescentou.

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Em apenas alguns anos, o mercado de proteínas alternativas se transformou de nicho em mainstream, à medida que cada vez mais pessoas se conscientizam sobre sustentabilidade e problemas de saúde normalmente relacionados ao consumo de produtos de origem animal. A NotCo, do Chile, indiscutivelmente a startup mais famosa de alimentos à base de plantas a sair da América Latina, lidera o movimento.

A Protera vem logo atrás. Para testar sua primeira proteína, a empresa firmou parceria e teve resultados positivos com o Grupo Bimbo, grande padaria multinacional do México com presença em 33 países. “O próximo passo é estabelecer como expandir”, disse Alvarez.

É aí que entram os franceses. Como a Protera Gaurd é um agente de fermentação, Alvarez espera que os europeus – especialistas na fermentação de vinhos e queijos – ajudem a encontrar as peças do quebra-cabeça que é a expansão.

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Alvarez espera que entre a produção em escala e a certificação com o selo GRAS (Generally Recognized As Safe, ou “Reconhecido Geralmente como Seguro para Consumo”, em tradução livre) do FDA (American Food and Drug Administration, agência dos EUA que regula alimentos e medicamentos), o produto estará disponível no mercado em alguns anos.

Mas assim como qualquer novo produto, a reação dos consumidores é o verdadeiro teste. Embora a Protera planeje ser um negócio B2B, o cliente final é que vai ler os rótulos. Atualmente, os consumidores são educados e, quando leem a lista de ingredientes – especificamente quando buscam alimentos limpos – normalmente buscam ingredientes cujo nome conseguem pronunciar. Não é exatamente o teste mais sofisticado, mas é uma regra geral que o consumidor médio pode seguir.

Porém, fica a pergunta: a Protera vai dar certo?

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Além da própria proteína, Alvarez e sua equipe desenvolveram a madi(™), plataforma de IA projetada para compreender as proteínas em nível molecular.

“Ela pode entender o tipo de estrutura da proteína e a composição química necessária para desempenhar função específica”, afirmou Alvarez.

Por exemplo, se Alvarez busca uma proteína com propriedades antifúngicas, ele pode perguntar para a plataforma: “Como vai ser essa proteína?”. A plataforma foi treinada para responder com a forma e a composição corretas.

“Então, buscamos essas proteínas na natureza. Quando a encontramos, a recriamos”, contou Alvarez.

Essa rodada de financiamento foi liderada pela Sofinnova Partners, maior empresa de venture capital do setor de ciências da vida da Europa. O Bimbo Group, do México, e a aceleradora de startup de tecnologia em alimentos e agronomia do ICL Group, a ICL Planet, também entraram na rodada.

Marcella McCarthy

Marcella McCarthy (Brasil)

Jornalista americana/brasileira especializada em tech e startups com mestrado em jornalismo pela Medill School na Northwestern University. Cobriu America Latina, Healthtech e Miami para o TechCrunch e foi fundadora e CEO de um startup Americano na área de EdTech. Baseada em Miami.