São Paulo, 23 de junho — Uma startup israelense quer substituir galinheiros, celeiros e abatedouros por biorreatores para produzir carne à base de células para comensais nos Estados Unidos. A Future Meat Technologies está em negociações com reguladores dos EUA para começar a oferecer seus produtos em restaurantes até o final do próximo ano. A empresa acaba de inaugurar o que chama de primeira instalação industrial de carne celular do mundo, que será capaz de produzir 500 quilos por dia.
As instalações da empresa, localizadas na cidade israelense de Rehovot, podem produzir carne cultivada de frango, suíno e cordeiro, e a produção de carne bovina deve ocorrer em breve.
A Future Meat tem como objetivo aumentar a escala das linhas de produção e replicar a instalação em outro lugar, disse o CEO Rom Kshuk. A empresa tem como foco o mercado dos EUA - que tem uma das maiores taxas de consumo de carne do mundo - antes de se expandir para a Europa e China. A empresa ainda não decidiu que tipo de carne vai começar a oferecer.
“Desde o início, nosso principal foco foi aumentar a escala e reduzir custos para ter um produto comercialmente viável”, disse Kshuk em entrevista.
O setor de carne cultivada, que produz proteínas como carne bovina e de frango por meio do cultivo de células em vez do abate de animais, agora abrange mais de 75 empresas. Com fábricas piloto agora trazendo a tecnologia dos laboratórios, a Eat Just se tornou a primeira empresa a vender frango cultivado a partir de células em um restaurante em Singapura.
Desde os primeiros protótipos, startups conseguiram cortar custos em 99% e, se os consumidores aceitarem esses produtos, o mercado pode chegar a US$ 25 bilhões em 2030, disse a McKinsey & Co. em relatório na semana passada. Mas, para competir com a carne convencional, os custos precisam ser reduzidos ainda mais.
A Future Meat Technologies, que levantou US$ 43 milhões com investidores como Tyson Foods, Archer-Daniels-Midland e S2G Ventures, diz que tem o menor preço para o peito de frango de carne cultivada. A empresa conseguiu cortar o custo para US$ 4 por 100 gramas, uma fração do preço original, e planeja reduzir o custo pela metade novamente até o final de 2022, disse Kshuk.
Outras empresas, como BlueNalu, Upside Foods e Eat Just, manifestaram a intenção de vender produtos à base células nos Estados Unidos. Como essas rivais, a Future Meat precisa obter a aprovação do Departamento de Agricultura dos EUA e da agência FDA, que regula alimentos e fármacos, antes de oferecer seus produtos ao mercado. Kshuk está otimista, embora atingir a paridade de preços com a carne convencional provavelmente leve alguns anos.
“Visamos reduzir o custo mais, mais e mais”, disse o CEO. “O objetivo não é ter um produto premium. Na verdade, trata-se de encontrar uma forma alternativa de produzir carne.”
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