Como a Covid-19 afetou o mercado de energia limpa

Com o trabalho remoto e a adoção de sistemas híbridos, a necessidade corporativa por energia limpa diminuiu

Queda na demanda energética afetou os compromissos de energia limpa das grandes companhias
Por Tim Quinson
21 de Julho, 2021 | 09:42 AM

Bloomberg — Além das vidas perdidas e dos prejuízos econômicos causados pela pandemia, a pandemia de Covid-19 também prejudicou os esforços de combate às mudanças climáticas.

A demanda corporativa por energia limpa diminuiu pela primeira vez na história, com mais funcionários trabalhando de casa. A queda é mais notável para empresas da iniciativa RE100, um grupo de companhias de todo o mundo que prometem compensar 100% de seu consumo de energia com energia limpa.

Das 222 empresas da lista que divulgaram os dados de demanda por eletricidade referentes a 2019 e 2020, 94 relataram quedas no consumo quando mudaram para o trabalho remoto no ano passado, afirmou Kyle Harrison, estrategista em energia corporativa da BloombergNEF, em Nova York.

“A RE100 ainda possui uma incrível oportunidade de investimento em energia limpa, mas a perspectiva de longo prazo piorou um pouco”, disse Harrison.

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Embora as grandes consumidoras de energia tiveram aumentos significativos em seu consumo de eletricidade, como a QTS Realty Trust (29%), a General Motors (28%), a Schneider Electric (25%) e a Vodafone (17%), isso não foi suficiente para compensar as reduções de outras empresas, de acordo com Harrison. As empresas notáveis com as maiores reduções incluem a AstraZeneca (-13%), a Signify (-23%) e a Siemens (-36%).

As empresas na RE100 que estabeleceram metas de 100% de energia limpa precisarão adquirir mais 247 terrawatts (TWh) de energia limpa em 2030, segundo estimativas da BloombergNEF. Essa é uma queda em comparação à projeção anterior, de 269 TWh, estabelecida pela empresa de pesquisas em janeiro, marcando a primeira. vez que a projeção de 2030 apresentou redução

As maiores provedoras de energia limpa a empresas são a Invenergy LLC, a Ignis, Engie SA, a NextEra Energy Inc. e a Orsted A/S, também segundo a BloombergNEF. Embora a perspectiva para energia limpa continue otimista no momento, a queda no consumo pelo setor privado é um evento no qual os desenvolvedores devem prestar atenção, declarou Harrison.

O volume de contratos de compra de energia por empresas aumentou 86% no primeiro semestre de 2021 em comparação ao ano anterior, em um momento em que o mundo saiu do que foi a pior onda da pandemia. “Enquanto a demanda corporativa continuar sendo uma boa oportunidade para desenvolvedores de energia limpa, a pandemia de Covid-19 ainda poderá piorar no futuro”, disse.

A Microsoft Corp. anunciou 35 novos contratos de compra de energia solar e eólica na última semana, tornando-se a segunda maior compradora corporativa de energia limpa no mundo. As negociações servem de base para uma estratégia mais ampla da Microsoft, na qual ela compensa todo o consumo de energia por hora com energia limpa até 2030, declarou Harrison.

O Índice S&P Global Clean Energy, que inclui a NextEra e a Orsted, subiu 177 pontos percentuais desde o início de 2019 – esse valor inclui a queda de 21 pontos percentuais neste ano.

Apesar da queda recente, as empresas de energia limpa Orsted, Neoen SA e Solaria Energia y Medio Ambiente AS ainda são negociadas em múltiplos de valor mais alto que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) que a maioria das empresas da rede de serviços públicos (Enel SpA, Iberdrola SA e Engie SA) e até algumas gigantes do setor de tecnologia (Alphabet Inc. e Facebook Inc.), segundo a analista da Bloomberg Intelligence Elchin Mammadov.

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As grandes perspectivas de crescimento da capacidade para desenvolvedores de energia eólica e solar e a ascensão dos investimentos em ESG podem continuar “incentivando as valorizações do subsetor de sustentabilidade após a recente redução da classificação”, disse.

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