Falta de carros leva super-ricos a comprar Rolls-Royces usados

Em junho, os preços médios dos carros usados subiram quase 30% nos Estados Unidos em relação ao ano passado

Rolls-Royce não é a única fabricante de ponta que observa expansão no negócio de carros usados
Por Hannah Elliott
21 de Julho, 2021 | 02:54 PM

Bloomberg — Em 8 de julho, Gigi e Glenn Moss receberam seu presente para comemorar o 40º aniversário de casamento: um par de Rolls-Royces.

O Rolls-Royce Phantom Tempus branco e o Rolls-Royce Dawn Black Badge vermelho são os primeiros carros da famosa marca comprados pelo casal de Riverside, na Califórnia. Mas, aparentemente, são os primeiros de muitos: durante o almoço na concessionária de Orange County onde receberam os veículos, o casal já discutia alegremente sobre a cor adequada do próximo Rolls-Royce desejado: um SUV Cullinan.

Eles terão que se contentar com algo não totalmente novo, a menos que estejam preparados para esperar; a carteira de pedidos da Rolls-Royce já está completa para os próximos seis meses.

O aumento de dois a três dígitos dos preços de carros usados no mercado de massa está bem documentado. Em junho, os preços médios dos carros usados subiram quase 30% em relação ao ano passado, de acordo a consultoria automotiva Edmunds.com. O aumento respondeu por mais de um terço da alta no índice de preços ao consumidor, que no mês passado subiu no ritmo mais rápido em 13 anos.

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Mais do que nunca, membros da elite Rolls-Royce têm optado por comprar veículos do programa “Provenance” da empresa, ou modelos usados altamente seletivos. “Antes, um em cada três veículos que vendíamos era do Provenance”, disse Gerry Spahn, chefe de comunicações da Rolls-Royce América do Norte, durante almoço oferecido a repórteres para apresentar os novos modelos. “Agora, está perto de 75%.”

A Rolls-Royce não é a única fabricante de ponta que observa expansão significativa no negócio de carros usados. Na Bentley, as vendas cresceram 150% de janeiro a maio. As vendas de usados certificados na McLaren aumentaram apenas 2% no acumulado do ano em relação a 2020, um ano recorde, mas os preços de venda desses supercarros usados são mais altos do que quando eram novos. “Os cupês McLaren 765LT são comercializados no mercado de segunda mão com ganho de até 40% sobre o MSRP (preço sugerido pelo fabricante), o que é impressionante”, disse Nic Brown, presidente em exercício da McLaren América do Norte.

Considerando que a pandemia trouxe aos consumidores ricos um excedente de tempo e dinheiro - além de uma dose saudável da energia “você só vive uma vez” -, os aficionados de carros de luxo de todos os tipos estão ansiosos para comprar algo divertido de dirigir o mais rápido possível. Mesmo que isso signifique que o carro seja novo apenas para eles.

O McLaren 765LT é atualmente um dos modelos mais procurados da montadora com sede em Woking, na Inglaterra.Fonte: McLaren

Valor de compra

Carros usados certificados não são novidade, mesmo no segmento de carros de luxo. Quando um Rolls-Royce Wraith de US$ 345 mil perde 20% do valor no minuto em que sai do showroom e se desvaloriza 40% depois de cinco anos de propriedade, comprar um Rolls-Royce de dois anos de um programa confiável do fabricante pode ajudar a economizar um pouco quando se trata de valores residuais.

Os programas também são bons para as montadoras, pois impulsionam os lucros de marcas como Aston Martin e Lamborghini e até transformam os compradores de carros usados curiosos sobre a marca em clientes leais de modelos novos. “É uma oportunidade realmente boa simplesmente trazer novas pessoas para a marca”, diz Brown. Cerca de 75% dos compradores de leasing trocarão o veículo por um McLaren novo depois de 18 a 22 meses, diz.

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