(Bloomberg) -- A crise hídrica piora as perspectivas para a safra de cana-de-açúcar no Brasil, de acordo com a trading Wilmar International.
Sob o impacto da seca, a produção de cana na região Centro-Sul deve cair quase 100 milhões de toneladas em relação ao ano anterior, para 510 milhões de toneladas na temporada 2021-22, estima a Wilmar, com sede em Singapura. Em abril, a previsão era de 530 milhões de toneladas. O novo volume seria o menor em uma década, e há chance de que a produção possa cair ainda mais.
“Nunca vimos tais condições de safra, com um déficit recorde de chuvas mês após mês”, disse por e-mail Karim Salamon, chefe de análise de mercado de açúcar da Wilmar. “Não há referência de tal estiagem no Centro-Sul do Brasil em um período tão longo. Isso nunca aconteceu.”
Secas a geadas no maior exportador de açúcar do mundo contribuíram para um déficit global da commodity, ajudando a impulsionar os contratos futuros do açúcar bruto para o maior nível em quatro anos no início deste mês. O fortalecimento do mercado de etanol também levou algumas usinas no Brasil a desviarem mais cana para produzir o biocombustível em vez de açúcar.O açúcar bruto acumula ganho de cerca de 12% este ano, sendo cotado a 17,39 centavos de dólar por libra-peso em Nova York. Os preços desaceleraram na segunda-feira em meio aos sinais de que as principais regiões produtoras do Brasil conseguiram escapar de grandes danos causados pelas baixas temperaturas.
A forte queda da produção do Brasil deve levar algumas usinas a fechar já em outubro, disse Salamon. A produção de açúcar pode somar 31 milhões de toneladas, queda de 7,5 milhões de toneladas em relação à safra anterior. Em abril, a Wilmar previa produção entre 31 milhões de toneladas e 33 milhões de toneladas.
“A situação deve piorar daqui para frente, e a produtividade no Centro-Sul do Brasil devem cair ainda mais”, disse Salamon, citando os modelos da empresa.
Em junho, a produtividade média no Brasil já era 12% menor do que no ano passado. A safra de cana pode não se recuperar na temporada 2022-23, já que a estiagem deste ano e as geadas do início de julho dificultaram o replantio, explicou Salamon.
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