Gigantes como BlackRock podem ajudar a evitar caos das bolsas

Estudo publicado em julho mostra que instituições com participações significativas têm menos probabilidade de vender em eventual onda de pânico

BlackRock, Vanguard e State Street formam maioria na indústria de ETF
Por Sam Potter
20 de Julho, 2021 | 06:50 PM

Bloomberg — Os que criticam a influência crescente de gigantes de fundos de índice como a BlackRock podem estar minimizando seu poder de evitar um colapso do mercado acionário.

Em estudo publicado este mês, acadêmicos dos Estados Unidos e da China mostraram que instituições com participações significativas em várias empresas de diversos setores têm menos probabilidade de vender em uma onda de pânico.

Com base em quase quatro décadas de dados dos EUA, descobriram que esses investidores são forças estabilizadoras, porque podem entender se as oscilações das ações se resumem a problemas específicos da empresa ou do setor.

É uma contribuição oportuna ao debate cada vez mais polêmico se gestoras de ativos estão ganhando muita influência nas finanças mundiais. Na semana passada, os resultados do segundo trimestre da BlackRock mostraram que a empresa possui um recorde de US$ 9,5 trilhões sob gestão e, pela primeira vez, seus fundos de índice controlam mais de US$ 3 trilhões.

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O aumento das participações acionárias gerou temores de maior volatilidade no mercado porque, na maioria das vezes, os fundos compram e vendem passivamente, muitas vezes juntos. Mas o estudo chegou à conclusão oposta.

“Nossas conclusões apoiam o papel estabilizador dos proprietários comuns institucionais no mercado devido à vantagem de suas informações”, escreveram os acadêmicos. Isso permite que as gestoras “diferenciem melhor entre algo específico da empresa e do setor nas más notícias, evitando vender com base em sinais falsos”, disseram os autores.

Qingyuan Li, da Universidade de Wuhan, Xiaoran Ni, da Universidade de Xiamen, P. Eric Yeung, da Universidade Cornell, e Sirui Yin, da Universidade de Miami, estudaram dados de controle e movimentos do mercado entre 1980 e 2017. Naquela época, a porcentagem de empresas americanas de capital aberto com um proprietário institucional - com participação de 5% ou mais em várias empresas de um setor - aumentou de 10% para mais de 80%.

Os acadêmicos descobriram que o risco de crash - essencialmente, se o preço de uma ação cairá excessivamente no próximo ano - é significativamente menor para empresas com pelo menos um proprietário comum em comparação com as que não têm. A teoria é que os coproprietários não entrarão em pânico para vender, porque podem discernir melhor entre uma crise da própria empresa e uma implosão do setor.

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