Os green bonds estão em alta. As vendas globais de dívidas emitidas com metas ambientais, sociais e de governança já atingiram o recorde de US$ 577 bilhões neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg – US$ 100 bilhões a mais que em todo o ano de 2020. Os coordenadores da oferta esperam um segundo semestre ainda mais atribulado, o que deve levar as emissões a mais de US$ 1 trilhão pela primeira vez.
O que está parcialmente incentivando esse crescimento é o aumento de títulos atrelados à sustentabilidade (SLB, na sigla em inglês), assumindo uma fachada de ESG, no que o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore nos alertou que seria greenwashing. Os SLBs aumentam os custos de empréstimos se os emissores não atingirem as metas de ESG, e as vendas globais estão atualmente em cerca de US$ 73 bilhões. Marilyn Ceci, do JPMorgan Chase & Co., espera que os SLBs cheguem a US$ 150 bilhões até o fim do ano e que a emissão de dívidas de ESH duplique.
“O que começou com um ‘o que eu devo emitir?’ se tornou um ‘por que você não está fazendo o mesmo?’”, disse Ceci, chefe global de mercados de capitais de dívidas de ESG do JPMorgan, a Caleb Mutua, da Bloomberg News. “Essa ausência no mercado diz muito agora”, afirmou Ceci, que espera que o volume das emissões duplique até o fim do ano.
Quem acompanha a área não vai se surpreender em saber que a Europa é a potência de emissões de títulos de ESG e está ficando cada vez mais sólida. No primeiro semestre, 26% de todos os títulos corporativos de alta qualidade denominados em euros emitidos estavam atrelados a ESG. No ano passado, o índice era 9%.
Títulos éticos são um fenômeno tão grande na Europa que costumam ser negociados com um ágio em relação à sua dívida comum – podemos chamá-lo de ágio verde. Essa margem deve aumentar ainda mais depois que a União Europeia revelou um livro de regras autoproclamado “de padrão ouro”, que exigirá relatórios de impacto e análises externas obrigatórios por parte dos emissores – que, por sua vez, provavelmente verão suas dívidas comandarem preços mais altos, já que os compradores sabem que o negócio é legítimo.
Porém, embora o foco de ESG tenda a ficar nas emissões atreladas ao meio ambiente, títulos sociais estão recebendo cada vez mais atenção. A tendência surgiu durante a pandemia, com empresas que emitiram títulos de resposta ao coronavírus, e só acelerou, segundo Audrey Choi, do Morgan Stanley.
“Vimos que a tendência continua acelerando, é um interesse real em todos os investimentos sustentáveis, principalmente na área social, e uma compreensão da integração entre os três”, afirmou Choi, diretora de sustentabilidade da empresa, durante uma mesa redonda do Bloomberg Sustainable Business Summit nesta semana.