Castillo tem um marxista e um economista linha dura na cúpula

Sem experiência em política nacional, favorito para a presidência do Peru deve apostar em conselheiros de diferentes origens para governar o país

Com 98% dos votos computados, Castillo lidera com 50,2%, contra 49,8% de sua rival Keiko Fujimori. Crédito: Miguel Yovera
Por María Cervantes, Matthew Bristow
02 de Julho, 2021 | 05:54 PM

(Bloomberg) Um economista do Banco Mundial que acredita em prudência fiscal e um neurocirurgião marxista formado em Cuba estão entre os que disputam a influência sobre Pedro Castillo, o favorito para ser o próximo presidente do Peru.

Castillo, 51, um ex-professor nascido nas montanhas peruanas, não possui experiência em política nacional, então seus conselheiros provavelmente exercerão grande influência no governo de um país de 32 milhões de habitantes.

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Com 98% dos votos computados, Castillo lidera com 50,2%, contra 49,8% de sua rival Keiko Fujimori. Ele já declarou a vitória, embora isso não tenha sido confirmado pela autoridade eleitoral.

Se sua liderança for mantida, ele tomará posse como presidente em 28 de julho.

Ações, títulos e moeda do país flutuaram fortemente esta semana, com investidores tentando avaliar o quão radical Castillo se tornará caso seja eleito presidente no mês que vem. Isso pode depender de qual conselheiro ganhará destaque.

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Pedro Francke

Desde que foi nomeado seu principal conselheiro econômico na semana passada, o ex-economista do Banco Mundial, Pedro Francke, tentou convencer eleitores peruanos e investidores de que Castillo não é um radical perigoso. Ele fez parte da equipe de Mendoza durante o primeiro turno.

Francke, 60, pediu prudência fiscal e metas de inflação, e se opõe à nacionalização de empresas.

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Tudo isso é música para os ouvidos dos investidores, mas também há vozes poderosas tentando puxar Castillo para uma direção muito mais radical.

Vladimir Cerron

Cerron, 50, é um neurocirurgião e marxista radical que viveu durante anos em Cuba, onde estudou medicina. Como fundador e líder do partido Peru Libre de Castillo, ele controla o maior movimento no Congresso, o que garantiria grande influência sobre o governo.

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“Ele é o dono do partido e colocou os membros do Peru Libre no Congresso”, afirma Rodolfo Rojas, sócio do grupo consultivo político Sequoia, com sede em Lima. “Se Castillo ir contra Cerron, ele pode acabar sem congressistas”

Castillo parece ter enxergado a necessidade de um curso moderado, mas o poder e a influência de Cerron tenderão a puxá-lo para uma direção mais radical, acrescentou Rojas. Castillo tentou se distanciar de Cerron na tentativa de conquistar eleitores moderados, mas precisa de seu apoio na legislatura para se manter no poder.

O partido de Cerron conta com 37 de 130 assentos no Congresso, enquanto Mendoza tem cinco. Castillo precisará de seu apoio para evitar o destino do presidente Martin Vizcarra, que sofreu impeachment e foi forçado a deixar o cargo no ano passado. Mesmo assim, ele não terá votos suficientes para aprovar as leis sem fazer alianças.

Veronika Mendoza

Já Mendoza, 40, é uma ex-congressista franco-peruana cujas propostas de tributar os ricos a tornam uma aliada natural de Castillo. Várias das pessoas que agora assessoram o candidato, incluindo seu principal conselheiro econômico, trabalharam anteriormente com ela. Após chegar em sexto lugar no primeiro turno da eleição presidencial, ela declarou apoio a Castillo e trouxe uma equipe de profissionais para redigir um plano de governo, enquanto ele, em troca, firmou o compromisso de respeitar instituições democráticas e acordos internacionais sobre direitos humanos.

Se Castillo obtiver uma vitória difícil, como parece provável, o apoio de Mendoza pode se mostrar decisivo, ajudando a ampliar seu apelo para além de seu partido político marxista e sua base rural.

“Tivemos um processo lento no qual a equipe econômica de Veronika Mendoza ganhou destaque em torno do candidato”, afirmou Giovanna Penaflor, fundadora da Imasen, uma empresa de pesquisa política com sede em Lima. Isso deve tender a moderar o programa de Castillo, acrescentou Penaflor.

James Bosworth, fundador da Hxagon, uma empresa de análise de risco político que cobre os mercados emergentes, disse que Mendoza é “absolutamente fundamental para que qualquer coisa seja aprovada no congresso”.

“Não são os votos para seu partido, mas seu conhecimento pessoal de como funciona o congresso e as coalizões necessárias para aprovar coisas”, disse.

Hernando Cevallos

Como Cerron, Cevallos é médico, além de político, e está aconselhando Castillo sobre questões de saúde. O Peru sofreu uma taxa de mortalidade per capita mais alta devido à pandemia do que qualquer outro país, e aumentar a campanha de vacinação é uma necessidade urgente. Castillo prometeu um grande aumento nos gastos com saúde se ele ganhar. Como congressista entre 2016 e 2019, Cevallos promoveu o uso medicinal da cannabis e a melhoria nas condições de trabalho para profissionais da saúde.

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