Aquecimento global pode ser de mais de 1,5°C nos próximos cinco anos

O nível de aumento de temperatura pode até ser temporário, mas não pode passar deste patamar, conforme Acordo de Paris

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Bloomberg — Há cerca de 40% de chance de que a temperatura média global por pelo menos um dos próximos cinco anos seja 1,5ºC mais alta do que nos tempos pré-industriais - e esse número só aumenta.

Esse nível de aumento de temperatura pode até ser temporário, de acordo com uma atualização climática anual liderada pelo UK Met Office e publicada pela Organização Meteorológica Mundial. Mas o número é importante pois a maioria dos líderes globais se comprometeu a tomar ações para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, se mantendo bem abaixo de 2ºC até o final do século, ao assinar o Acordo de Paris em 2015.

“Estamos nos aproximando mensurável e inexoravelmente da meta mínima do Acordo de Paris sobre mudança climática“, afirmou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas, em um comunicado. “É mais um alerta de que o mundo deve acelerar seus compromissos para reduzir emissões de gases de efeito estufa e alcançar a neutralidade de carbono.”

O ano passado ficou a par com 2016 como o mais quente já registrado, com temperaturas 1,2°C acima dos tempos pré-industriais. Os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados, um sinal da aceleração das mudanças climáticas. O aquecimento global provocado pelo homem está se manifestando em fenômenos como a elevação do nível do mar, derretimento das geleiras e eventos climáticos extremos.

Embora um ano com temperaturas médias 1,5°C mais altas do que os tempos pré-industriais provavelmente seja único, isso não significa que a próxima meia década ficará abaixo dos recordes recentes. As temperaturas médias provavelmente serão pelo menos 1°C mais altas em cada um dos próximos cinco anos, com a OMM estimando entre 0,9°C e 1,8°C. Há 90% de probabilidade de que pelo menos um ano entre 2021 e 2025 se torne o mais quente já registrado, superando 2016.

“Não são apenas estatísticas”, afirma Taalas. O aumento das temperaturas representa “maiores impactos em segurança alimentar, saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável”.

Os próximos cinco anos devem trazer mais ciclones tropicais no Oceano Atlântico e mais chuvas em altas latitudes e na região do Sahel, na África Central, contra a média entre 1981 e 2010. Este ano, o sudoeste da América do Norte deve ficar mais seco do que no passado, enquanto Sahel e Austrália devem ficar mais úmidos.

Compromissos nacionais para reduzir emissões de gases de efeito estufa estão muito aquém do necessário para cumprir o Acordo de Paris, segundo uma análise das Nações Unidas divulgada no início deste ano. Espera-se que líderes globais apresentem metas climáticas mais ambiciosas antes das negociações climáticas da COP26, patrocinadas pela ONU, que serão realizadas em Glasgow em novembro. A pressão do público, bem como a concorrência internacional, trouxe ímpeto na frente política nos últimos meses, embora as principais questões permaneçam sem solução, incluindo a criação de um mercado internacional de carbono que precificaria as emissões.

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