Bloomberg — (Bloomberg) Teria uma boa quantia de ouro da União sido roubada por um grupo secreto de simpatizantes dos Confederados e escondida em uma caverna na zona rural da Pensilvânia durante a Guerra Civil?
É o que um agente do FBI buscava descobrir em 2018 quando solicitou um mandado de busca e apreensão para escavar o local em Elk County, no nordeste de Pittsburgh, segundo divulgação do documento na quinta-feira.
Na declaração de 30 páginas, o Agente Especial do Departamento Federal de Investigação Jacob Archer cita pistas de caçadores de tesouros e antigas matérias jornalísticas de jornais e revistas como “causa provável” do desaparecimento de mais de uma tonelada de ouro minerado na Califórnia e destinado à Casa da Moeda dos Estados Unidos, na Filadélfia, em 1863, e sua ocultação em uma caverna localizada em uma floresta estadual de 217.000 acres (87.000 hectares). Segundo Archer, o ouro pode ter sido roubado por um grupo obscuro chamado Cavaleiros do Círculo Dourado.
Archer conseguiu o mandado, mas o FBI afirmou posteriormente não ter encontrado o ouro. Os caçadores de tesouro citados por Archer não concordam. Dennis e Ken Parada, dupla de pai e filho, acreditam que o governo encontrou o ouro e não divulgou para evitar dividi-lo. O embate com o governo para a obtenção dos registros relacionados à busca levou o jornal Philadelphia Inquirer e a agência Associated Press a solicitar a divulgação do mandado e da declaração oficial de Archer
O FBI não quis comentar.
Jornada Perigosa
Archer, membro da equipe de crimes contra obras de arte do FBI, detalhou a forma como o transporte de ouro do Oeste para financiar a guerra havia se tornado uma empreitada perigosa em 1863, com a mudança das linhas do front, gangues de foragidos, simpatizantes dos Confederados – conhecidos como copperheads e “somente assaltantes de trens” – ameaçando o transporte pelo país.
Archer afirmou que uma história encontrada nos arquivos do Instituto de História Militar intitulada “O Tesouro de Lingotes de Ouro Perdido” (The Lost Gold Ingot Treasure, em inglês) sugeria que o ouro que supostamente estava em Elk County em 2018 saiu de Sacramento rumo ao leste, em uma viagem épica pela Oregon Trail e pelos rios Platte e Mississippi, antes de chegar a um ponto de encontro próximo a Pittsburgh.
Segundo a história, a última etapa da viagem envolveu uma caravana de “carroças e cavaleiros armados” liderada pelo Tenente Castleton. Os lingotes de ouro foram pintados de preto e escondidos em fundos falsos, para que as carroças parecessem transportar cargas comuns. Também segundo a história, Castleton pagou “um antigo conhecedor da região chamado Joe” para liderar a caravana, que ficou “irremediavelmente perdida”. Alguns dos homens buscaram ajuda, mas os outros, juntamente com o ouro, nunca foram vistos novamente, apesar de uma busca abrangente por parte de detetives de Pinkerton após a guerra.
Contudo, Archer disse que outras pesquisas sugeriram que a história era na verdade um “guia” – um mapa codificado que os Cavaleiros do Círculo dourado usaram para marcar os esconderijos. O grupo, que atuava nos estados da União e nos estados Confederados durante a Guerra Civil, “enterrou estoques secretos de armas, moedas e barras de ouro e prata, muitos desses roubados de bancos e trens que transportavam o pagamento do Exército da União”, afirmou o agente do FBI.
Dennis e Ken Parada acreditam ter localizado o ouro após centenas de visitas à caverna em Elk County e testes com radares e detectores de metais. Archer afirmou em sua declaração oficial que o FBI contratou um terceiro para inspecionar o local com um medidor de microgravidade, que detectou uma “grande massa no subsolo”, com densidade compatível com a do ouro e pesando até nove toneladas. O agente do FBI afirmou que buscava o mandado parcialmente porque o governo federal temia que o estado da Pensilvânia tentasse pegar o ouro.
William Cluck, advogado da família Paradas, disse que a divulgação da declaração oficial confirma que o FBI “determinou que havia uma base científica para concluir que havia nove toneladas de ouro no local”. Contudo, Cluck afirmou que seus clientes ainda buscavam registros adicionais sobre a busca, observando que os Paradas nunca tiveram permissão para permanecer no local durante a escavação.
“Por que o FBI não permitiria que os caçadores de tesouro estivessem presentes durante a escavação?” indagou Cluck.
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