BTG Pactual aponta que pode entregar rentabilidade superior à de 2023, diz CFO

Renato Cohn diz que há empresas prontas para lançar ofertas de ações, mas que isso depende de melhora do mercado para que haja uma demanda adequada pelos papéis

BTG Pactual espera crescer em todas as linhas de negócios neste ano, segundo seus executivos
05 de Fevereiro, 2024 | 06:20 PM

Bloomberg Línea — Com aposta em um cenário econômico mais benigno com a continuidade do ciclo de cortes de juros, iniciado em agosto do ano passado no Brasil, o BTG Pactual (BPAC11) espera aumentar sua rentabilidade em 2024 com a expansão de suas linhas de negócios, como investment banking.

Em 2023, o ROE (retorno sobre o patrimônio) fechou o ano completo em 22,7%, enquanto no quarto trimestre esse indicador ficou em 23,4%.

“Dá para entregar mais que 22,7% ao longo de 2024″, disse Renato Cohn, CFO da instituição financeira, em entrevista a jornalistas na tarde desta segunda-feira (5).

O desempenho da área de investment banking depende da melhoria do mercado de capitais, disse o executivo, em alusão à retomada de emissões de ações e em operações de M&A (fusões e aquisições). Desde o final de 2021, a Bolsa brasileira não realiza um IPO (oferta inicial de ações).

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“Tenho dúvidas sobre se haverá algum IPO no primeiro trimestre deste ano. O mercado de ações precisa dar uma melhorada para ganhar um pouco mais de tração”, indicou Cohn.

Há, segundo Cohn, uma série de empresas prontas para lançar ofertas de ações, mas isso esbarra na falta de uma melhora do mercado para que haja demanda adequada para a venda de papéis.

“Não sei o que tem no mercado, mas, se houver algum IPO, vai ser algo pontual. Para o segundo trimestre, dá tempo [de ter ofertas]”, afirmou o CFO.

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Cohn disse que o mercado de capitais melhorou no segundo semestre de 2023, após um primeiro semestre impactado negativamente pela recuperação judicial da Americanas (AMER3), que mergulhou em crise corporativa depois de revelar uma fraude contábil de R$ 20 bilhões em janeiro.

“O primeiro semestre foi bem fraco, o terceiro trimestre foi ‘super’ forte, e o quarto foi próximo do que é a normalidade”, resumiu o CFO ao rememorar os principais momentos do mercado no ano passado.

Ele disse que a emissão de títulos de dívida deve continuar forte em 2024, com mais empresas e investidores acessando esse mercado, como se vê há quatro anos.

Cohn indicou ainda que, na área de lending (empréstimos), a carteira de PMEs (Pequenas e Médias Empresas) deve crescer mais rápido do que a de grandes empresas, a maior do banco.

Análise

O resultado do BTG, com um lucro líquido recorrente de R$ 2,85 bilhões no quarto trimestre, favorecido pelas áreas de franquias de clientes, foi considerado positivo por analistas. Esses números compensaram o desempenho sazonalmente mais fraco das demais franquias.

“O BTG continua entregando resiliência perante múltiplos cenários. Nesse trimestre, por exemplo, vimos a divisão de banco de investimentos menos pujante, apesar do número de negócios maior do que o terceiro trimeste, por causa de volume menores”, avaliou o analista Rafael Reis, em relatório do BB Investimentos.

Ele incluiu o papel do BTG Pactual como uma das top picks de 2024, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 38,20.

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“Permanecemos otimistas quanto ao BTG, imaginando que o desempenho apresentado até agora diante de um ambiente pouco frutífero para um dos negócios mais representativos de sua base de receitas - o negócio de banco de investimento – possa se fortalecer ainda mais na hipótese do reaquecimento do mercado de capitais”, apontou Reis.

Esse reaquecimento, segundo o analista, “é algo que consideramos inevitável mais cedo ou mais tarde dentro de um contexto de queda de juros no Brasil como o atual”.

As units do BTG registraram alta de 0,63% nesta segunda-feira, negociadas a R$ 36,90 no fechamento, mas antes dos ajustes da bolsa brasileira. Em 12 meses, os ativos se valorizaram cerca de 80%.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.